Por: Claudemir Zafalon

O mercado de cacau vive um novo aumento nos preços, impulsionado por fatores técnicos favoráveis, previsões climáticas desfavoráveis e rumores de qualidade inferior dos grãos recentemente colhidos na Costa do Marfim, maior produtor mundial da commodity. Com o mercado sensível a essas condições, fundos de investimento estão ampliando as compras de cacau, pressionando ainda mais os preços.

Fontes próximas ao mercado afirmam que a nova safra da Costa do Marfim apresenta sinais de qualidade inferior. A contagem média dos grãos colhidos gira em torno de 105 grãos por 100 gramas, quando o regulador do país permite uma contagem de 80 a 100 grãos para exportação. Quanto menor a contagem, maior a qualidade do cacau, o que coloca os atuais grãos da Costa do Marfim em uma situação de baixa competitividade no mercado internacional.

Iniciativa de financiamento verde para enfrentar mudanças climáticas

Paralelamente aos desafios da qualidade do cacau, a Costa do Marfim lançou uma iniciativa ambiciosa de financiamento verde, com o objetivo de fortalecer sua resiliência climática e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O mecanismo, avaliado em US$ 500 milhões, conta com o apoio do Banco Africano de Desenvolvimento e dos Fundos de Investimento Climático, além de estar alinhado com as metas climáticas globais.

Esse mecanismo de financiamento misto será gerido pelo Banque Nationale d’Investissement e visa captar recursos do Fundo Verde para o Clima, do Fundo Global para o Ambiente e de instituições financeiras multilaterais. A meta da Costa do Marfim é reduzir em um terço suas emissões até 2030, enquanto trabalha para melhorar a sustentabilidade em setores como agricultura e manejo de solos, essenciais para um país que depende fortemente do cultivo de cacau.

Agricultura e resiliência climática

O plano nacional de ação climática do país, elaborado em 2022, orienta os setores agrícolas e alimentares a adotar práticas mais sustentáveis. A iniciativa reflete o esforço de várias nações africanas em responder às mudanças climáticas, especialmente em setores críticos como o cacau, cujas produções são altamente vulneráveis a condições climáticas adversas.

O compromisso da Costa do Marfim com a sustentabilidade e com a melhoria da qualidade de seus produtos agrícolas é essencial para enfrentar os desafios econômicos e ambientais que ameaçam o setor. Com o crescimento da demanda internacional por cacau e o aumento das exigências de qualidade, o sucesso da iniciativa de financiamento verde pode não só ajudar o país a atingir suas metas ambientais, mas também fortalecer sua posição no mercado global.

Fonte: mercadodocacau