A expectativa de oferta de cacau que já era ruim piorou no início da safra 2023/24 e fez a commodity ser o destaque de alta da bolsa de Nova York em novembro. Valorização expressiva também teve o café no mês que se encerrou, devido especialmente às incertezas em torno da safra 2024/25 no Brasil.
Em Nova York, os preços médios do cacau subiram 11,32% em novembro, para US$ 4.039 por tonelada, considerando a segunda posição, conforme levantamento do Valor Data.
As entregas menores de cacau nos portos da Costa do Marfim, maior produtor mundial, explicam a alta. Desde o início da safra 2023/24, que começou em outubro, as entregas recuaram 33%, para 481 mil toneladas. Esse é o menor volume para um início de temporada dos últimos dez anos, segundo Leonardo Rossetti, analista de inteligência de mercado da StoneX.
“Já é consenso entre agentes do mercado de que a safra terá mesmo um déficit pelo terceiro ciclo seguido”, afirmou, prevendo um balanço negativo entre 100 mil e 200 mil toneladas.
Na avaliação de Rossetti, o cacau deve seguir valorizado em dezembro, já que a demanda entra em um período sazonal de alta no Hemisfério Norte.
Além das entregas menores, os possíveis impactos do clima seco na próxima safra de cacau da África também estão no radar dos investidores, segundo analistas.
O clima também é preocupação no caso do café. Ondas de calor no Brasil em novembro aumentaram a especulação sobre o tamanho da safra 2024/25. Com isso, os contratos de segunda posição subiram 9,65% em Nova York, para US$ 1,7066 por libra-peso.
Recentemente, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) informou que os extremos climáticos estão resultando em abortamento de uma parte das primeiras floradas da safra brasileira de café em 2024/25. Isso pode afetar o potencial produtivo do próximo ciclo.
O suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ na sigla em inglês), que havia subido de forma expressiva em outubro, voltou a se valorizar em novembro, reflexo dos estoques enxutos. Os contratos de segunda posição tiveram alta de 2,39%, para US$ 3,8008 por libra-peso.
A oferta restrita na Ásia levou o açúcar a subir em Nova York em novembro. As cotações tiveram alta de 1,49%, a 26,01 centavos de dólar por libra-peso na média.
No lado da baixa, o destaque ficou com o algodão, que caiu 6,72% em Nova York em novembro, cotado a 80,43 centavos de dólar por libra-peso, na média. Jack Scoville, do Price Futures Group, disse em relatório que os preços caíram devido às preocupações acerca da demanda da China, cuja economia ainda não se recuperou.
Entre as commodities agrícolas negociadas na bolsa de Chicago, o destaque de alta foi a soja. Segundo o Valor Data, os contratos de segunda posição subiram 4,52%, para US$ 13,6290 por bushel em média. Segundo analistas, investidores estão “precificando’ o risco climático para a safra brasileira 2023/24, em fase de plantio.
“A chuva esperada para novembro veio apenas na segunda metade do mês. Ainda assim, de forma irregular, trazendo grande preocupação para a colheita do Brasil”, afirmou Ismael Menezes, sócio da MD Commodities.
Segundo ele, em um cenário de clima ‘perfeito’ para as lavouras, o potencial de safra brasileira seria de 175 milhões de toneladas. Mas, conforme as condições de tempo se deterioraram durante o plantio, muitas consultorias esperam um número cada vez menor. A MD, por exemplo, projeta 154,9 milhões de toneladas.
Já o milho teve baixa de 3,42%, com o preço médio de US$ 4,8585 por bushel, com a indicação de uma oferta maior nos Estados Unidos. Segundo o sócio da MD, a safra 2023/24 trouxe incremento de 20 milhões de toneladas aos estoques finais dos EUA. Esse número pode crescer, se houver nova revisão nas exportações do país, segundo ele.
O trigo também teve baixa em Chicago em novembro, com valor médio de US$ 5,8945 por bushel para os contratos de segunda posição. O recuo de 1,96% no mês reflete a oferta elevada de trigo em grandes produtores, como a Rússia, o que diminui a procura pelo trigo americano.
Fonte:Globo Rural