CACAU – SEMANAL 10/05/2021 MERCADO DE FUTUROS

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Por Caio Santos – Operador de commodities agricolas da Stone X

Iniciamos o mês de maio e o cacau já voltou a subir. Interrompendo a sequência de duas semanas de queda, na última sexta-feira o contrato da tela Jul’21 do cacau NY encerrou a semana em alta de 3,40% (+81 pontos), quase apagando a queda das duas semanas anteriores. O resultado desse “sobe-desce” é que (i) os preços este ano ainda estão bem consolidados – apesar do intervalo largo de quase 300 dólares por tonelada entre as bandas superior e inferior dessa consolidação – e (ii) em 2021, na contra-mão da maioria das outras commodities, o cacau cai apenas 1,21% tomando o fechamento dessa segunda-feira em 2514.

Para um ano de superávit largo, acima das 100 mil toneladas, a variação é bem modesta. Mesmo com a demanda se recuperando com certa morosidade e a oferta crescendo nos principais produtores da commodity, os participantes do mercado têm segurado os preços do cacau com base nas expectativas que se colocam para o futuro.

Na última semana o mercado iniciou os negócios ainda no negativo, estendendo o movimento da semana anterior, motivado pela antecipação – por parte da categoria dos especuladores – da cobertura do produto da safra intermediária nas principais origens, e pelos dados da CCC – que revisou positivamente a expectativa para produção na Costa do Marfim. Entre 27/04 e 04/05, a categoria vendeu 14.277 contratos, reduzindo em 2.900 lotes a posição comprada já existente, e ampliando a carteira vendida em 11.377 lotes. A liquidez foi garantida pelo setor comercial, que aproveitou a oportunidade para antecipar suas compras. O movimento foi revertido ao final da semana, e o gatilho para a reversão foram os dados fracos do mercado de trabalho norte-americano, que pressionou o dólar contra a libra e o euro, e aumentou o interesse comprador para o cacau.

Ainda que o contexto atual seja condizente com preços mais baixos, o mercado futuro precifica antecipadamente as perspectivas do que está por vir. Nesse quesito, ainda sublinhamos aqui os riscos que tendem a consolidar um viés mais altista para os preços do cacau: (i) o cacau está entre as commodities que menos se valorizou em 2021, diferente de outros anos “pós-crise” em que o excesso de liquidez motivou forte movimento altista; (ii) os especuladores venderam à frente dos produtores no movimento recente de baixa, mas podem também comprar à frente da indústria quando os preços ou as notícias evidenciarem a tendência altista; (iii) a reabertura econômica da União Europeia e o avanço da vacinação mundo a fora; (iv) o clima, outrora muito favorável à produção, começa à preocupar o desenvolvimento dos frutos para o ciclo 21-22 (nesse quesito, há relatos de falta de energia por conta de baixos níveis dos reservatórios hídricos das plantas de energia da Costa do Marfim).

Assim, nos parece que, apesar do contexto de superávit do ciclo atual, o cacau vai seguir se beneficiando desses ventos de popa e tende a buscar valores mais altos ainda em 2021. Com o fechamento dessa segunda-feira em 2514 a tela CCN1 dá sinais de um novo rally com alvos em 2530 e 2550. No caso de uma consolidação entre 2478-2514, estejam preparados para recuos ao redor de 2433. Um fechamento abaixo de 2360 é necessário para reacender o apetite de venda dos ursos.

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