HÊ!HÊ!HÊ! FUMACÊ

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Esse mês, por duas vezes em que passei frente às indústrias moageiras de cacau em Ilhéus, no período noturno, as chaminés de todas elas cuspiam fumaça e a fila de caminhões era muito grande; sempre mais de 80 veículos lotados de cacau esperavam por sua vez para descarregar ou não, dependendo dos cumprimentos das exigências que nunca foram dessa forma assim tão severas; nada de fumaça, nada de umidade, ou, de outra forma, muitos caminhões além de perderem muito tempo na fila, dias e dias, alguns voltam ao seu destino de origem sem descarregar, causando um contratempo e um prejuízo grande para os compradores intermediários, caminhoneiros e consequentemente maior prejuízo para os produtores, pois como diz o dito popular”, a corda sempre quebra no lado mais fraco”.

Além do deságio que já passa dos $700,00 p/ton e que aumenta a cada dia, além da exigência de um produto de alta qualidade, o comprador intermediário também esta “aproveitando a fama do leão, para acobertar a maldade da onça”, arrochando no preço da arroba em cima do produtor, aqui na região de Ibirataia e Ipiaú, o preço da @ esta girando na faixa de míseros R$120,00.

Mas, em cima dessa situação inusitada, a qual tento acreditar que não foi planejada, existe um mistério que desafia as cabeças pensantes do cacau. Afinal, porque as indústrias importam tanto cacau de fora causando tanto transtorno aos produtores brasileiros, visto que o cacau que esta sendo produzido no nosso país é suficiente para nosso consumo interno e ainda sobra algum para exportar?

O cacauicultor tem que achar um meio legal para fiscalizar o cacau que esta entrando nas indústrias e o que esta saindo industrializado para os fabricantes de chocolate e achocolatados; as regras do tal drawback devem ser revistas e bem fiscalizadas, pois, pode estar aí o descontrole que esta causando toda essa descompostura no mercado interno de cacau. O produtor não tem conhecimento do que se passa dentro das indústrias e, tem que admitir a sua mea-culpa, deve aprender que o cacau da porteira da fazenda para fora ainda precisa do seu acompanhamento, até chegar na barriga do consumidor e porque não dizer na digestão do consumidor, pois, já vimos cacau chegar de fora com besouros exóticos que se reproduzem nas amêndoas secas e até com defunto em decomposição, em cima da carga de cacau; temos que ser vigilantes pois, como disse o Pequeno Príncipe”, tu te torna eternamente responsável por tudo aquilo que cativas”. No nosso caso de agricultor então, “que cultivas”.

Não é justo que o cacauicultor brasileiro após tanto sofrimento, logo quando o preço da @ começa a tomar um pouquinho de folego, ele venha deparar-se com essa “nova praga” que é esse deságio desenfreado, a falta de interesse de compra, colocando em risco o que o cacau sempre teve de melhor, que é a sua liquidez de mercado. Muitos alegam que existe queda no consumo devido a economia mundial e, no Brasil, culpam especialmente à nossa economia “Dilmadiana”, que contribui sobremaneira para baixar os preços só do cacau (deságio), mas, se o aumento do preço na bolsa existe, baseado na lei da oferta e da procura, isso já elimina a primeira suposição e, se cacau é um produto consumido principalmente por uma classe mais favorecida economicamente, também não acredito que a economia brasileira afete o consumo a tal ponto, mesmo porque, estão importando cacau de fora.

Uma coisa interessante acontece no meio dessa “tempestade” e até poderemos tirar proveito, não fosse feito “a ferro e a fogo”, é a qualidade do produto, que, aproveitando e excesso de cacau nas indústrias, exportadores e compradores iniciaram um programa forçado de qualidade do produto, obrigando ao produtor fazer um cacau sem umidade e sem fumaça; o que pode levar o nosso cacau a ter o reconhecimento do passado, como melhor cacau do mundo, o cacau Bahia Superior, tão desejado no mercado do chocolate mundo afora. É uma pena que exigem qualidade, mas não nos dão condições de nos preparar para isso, pois, nossas instalações devido a tudo de ruim que aconteceu e acontece no cacau, principalmente pela introdução criminosa da doença vassoura de bruxa e o desleixo do Governo para com a cacauicultura, nossas instalações encontram-se obsoletas, não por descuido do cacauicultor, mas, pela situação de desprezo governamental, em que se encontram as fazendas de cacau, sem recursos para cuidar do cacaual e das suas instalações.

Espero que o cacauicultor se organize e passe a tomar conta melhor do seu produto, desde o plantio na roça até chegar ao consumidor final; para isso, as associações e as instituições do cacau tem que buscar as soluções em conjunto, conversando na mesma linguagem, uma construção em comum, buscando a mesma direção para o fortalecimento da classe, mas sem que seja usada a linguagem da “torre de Babel”.

O texto expressa exclusivamente a opinião do colunista e é de responsabilidade do autor

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