Historiadores apontam que o fruto era tão apreciado que era usado como moeda. O valor do cacau acompanhou o desenvolvimento da humanidade e, hoje, o fruto é a moeda que garante empoderamento e realização para um grupo de agricultoras de Colatina, na Região Noroeste do Espírito Santo.
Colatina produz, anualmente, 612 toneladas de amêndoa de cacau, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e as produtoras de cacau têm se destacado na produção do fruto e de chocolates. A reportagem é de Thaynara Lebarchi, do Jornal do Campo.
Ao Jornal do Campo, Maria Aparecida Reinhoz contou que a principal fonte de renda da família é o cacau. Há 12 anos, quando ela começou o plantio, as primeiras mudas dividiram espaço com os pés de café.
“Praticamente é a renda do mês. É o mensal de dentro de casa. A compra, a energia, é tudo com cacau”, disse a agricultora.
Produtoras rurais de Colatina também contam com a ajuda do Projeto Mulheres do Cacau para aprimorar as técnicas de produção.
Todas as etapas do processo, desde o cultivo da fruta até a fabricação do chocolate, são repassados para as agricultoras.
“Quando uma mulher tem acesso ao conhecimento é libertador. O conhecimento ninguém tira delas. Com o conhecimento elas passam a ter uma maior autoestima, uma autoconfiança e com isso ela consegue também empreender melhor”, disse Alessandra Maria da Silva, coordenadora do projeto.
“Com esse empreendimento, seja na produção de amêndoa com qualidade ou na produção do chocolate, a mulher consegue ter uma autonomia econômica e estimula outras mulheres a buscarem conhecimento e a buscarem seus direitos”, completou.
Uma das alunas do projeto é Ediana Strasmann. Cafeicultora há 25 anos, ela decidiu investir no cultivo de cacau há dois anos e lembrou das dificuldades enfrentadas no início.
“Na época, eu plantei o cacau de qualquer maneira. Depois aprendi e agora mexo nele sozinha. Meu esposo é caminhoneiro e eu que comando lá em casa, o serviço e a lavoura do cacau, eu que conduzo, faço a poda, fazer a enxertia e aprendi as técnicas da fermentação e estou aprendendo muito mais ainda”, contou.
Osvaldino Neto, técnico do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural do Espírito Santo (Incaper), disse que a dedicação das mulheres reflete no resultado final do trabalho.
“Elas fazem tão bem quanto os homens, muito melhor que os homens. Elas tem essa pegada de fazer o diferente. Por ser um produto de extremo cuidado pra você processar desde a quebra até o processamento do chocolate precisa de detalhes, quando a mulher é protagonista dessa atividade, o resultado é muito melhor”, disse Osvaldino.
A empresária Fabiane Reinholz produz chocolate com o cacau cultivado pelas agricultoras de Colatina e disse que se trata de um produto diferenciado.
“É um cacau feito com todo o processo adequado pra fazer chocolate. Traz aí umas características de muito cuidado, dedicação que elas fazem e tem um diferencial por ser feito dentro de um padrão de muito alta, exigido por essas mulheres. A gente está com o projeto de lançar barras de chocolate com o cacau dessas mulheres, cada mulher contando sua história pra agregação de valor”, disse Fabiane.
No ramo de cultivo do cacau há 10 anos com uma produção anual de 100 sacas, Maria Loss compartilha sua experiência com outras mulheres.
“Passo conhecimento pra elas. Já tenho estufa, meus cochos, cuido do meu cacau direitinho e ensino a podar, faço clone. Então, o conhecimento é muito grande hoje”, disse Maria.
“Podemos dizer que as mulheres estão participando mais dessa atividade econômica. O futuro é que as mulheres vão estar ampliando a produção, a produtividade, a qualidade, produzindo mais chocolate, se envolvendo mais no meio e participando dos espaços de decisão. Isso é o mais importante”, disse Alessandra Maria da Silva, coordenadora do Projeto Mulheres do Cacau de Colatina. Com informações do site Barra