Por: Claudemir Zafalon

A recente desvalorização do dólar frente a outras moedas tem impulsionado o movimento de alta nos preços dos produtos agrícolas, incluindo o cacau. Em meio a esse cenário, Gana, um dos maiores produtores mundiais de cacau, está em negociação com o governo para um aumento substancial de 65% no preço pago aos seus agricultores. O novo valor deve ser anunciado ainda esta semana, com o objetivo de combater o contrabando da produção para países vizinhos, especialmente a Costa do Marfim.

Estratégia para Combater o Contrabando

O COCOBOD, órgão regulador da indústria de cacau de Gana, está buscando um aumento significativo no preço mínimo ao produtor para a safra 2024/25, que teve início antecipado no começo deste mês. O objetivo é aprovar um valor de 54.656 cedis (equivalente a 3.488 dólares) por tonelada de cacau, ou 3.416 cedis por saco de 64 quilos. Esse reajuste é visto como essencial para desestimular o contrabando, já que o preço oferecido atualmente não é competitivo devido à desvalorização do cedi, a moeda local.

Fontes próximas à negociação apontam que qualquer aumento inferior a 65% será insuficiente para conter as exportações ilegais de cacau, que têm prejudicado a economia local. Além disso, Gana enfrenta desafios em garantir financiamento para sua indústria de cacau, em grande parte devido à incerteza sobre o tamanho da safra deste ano.

Concorrência com a Costa do Marfim

A Costa do Marfim, o maior produtor mundial de cacau, ainda não revelou suas intenções em relação ao preço ao produtor. Há especulações de que o país possa aumentar o valor pago aos agricultores em 33%, para cerca de 2.000 francos CFA por quilo. No entanto, uma porta-voz do Le Conseil du Cafe-Cacao, órgão regulador da Costa do Marfim, não respondeu aos pedidos de comentários.

Essa falta de clareza em relação à política de preços da Costa do Marfim adiciona mais pressão sobre Gana, que tenta evitar a perda de produção para o país vizinho. A proximidade geográfica entre as duas nações facilita o contrabando, que tem sido uma grande preocupação para as autoridades ganesas.

Safra Antecipada e Desafios da Produção

Com o início antecipado da safra 2024-25, Gana tenta impedir que os agricultores vendam seu cacau estocado a compradores de países vizinhos. Nos últimos três anos, a produção ganesa de cacau sofreu uma forte queda, causada por uma combinação de fatores climáticos adversos, doenças nas plantações e falta de insumos essenciais. No entanto, o contrabando dos grãos também é um fator significativo na redução da produção oficial registrada.

A indústria de cacau de Gana, crucial para a economia do país, está em um momento crítico, e o aumento no preço ao produtor é visto como uma medida urgente para restaurar a competitividade e estabilizar a produção. O anúncio oficial do novo preço ao produtor será um marco importante na tentativa de revitalizar o setor e garantir a sustentabilidade da produção de cacau ganês frente aos desafios econômicos e logísticos que o país enfrenta.

Fonte: mercadodocacau