Por: Claudemir Zafalon

O mercado global do cacau está enfrentando grandes desafios, com a volatilidade nos preços sendo exacerbada por um cenário econômico complicado. A recente valorização do dólar americano em relação a outras moedas está colocando pressão negativa sobre os produtos agrícolas, incluindo o cacau. Esse fenômeno, combinado com uma baixa liquidez no mercado, tem gerado instabilidade nos preços e afastado grandes especuladores, que são influenciados pelo aumento das margens de garantia.

Além disso, dados recentes da Costa do Marfim, o maior produtor mundial de cacau, indicam uma queda significativa na produção. As entradas nos portos marfinenses até 8 de setembro totalizaram 1,71 milhão de toneladas, uma redução de 28% em relação à safra anterior. Essa diminuição na oferta pressiona ainda mais os preços globais do cacau, que já sofrem com a escassez de estoques em alguns dos principais mercados consumidores.

Nos Estados Unidos, os estoques de cacau certificado continuam em queda, registrando apenas 2.345.450 sacas nos portos. A redução nos estoques reforça o risco de um aperto ainda maior na oferta global, o que pode influenciar os preços nos próximos meses.

Outro fator importante para o mercado de cacau é a expectativa em torno das próximas decisões do Federal Reserve (Fed) sobre a política de juros. Nesta quarta e quinta-feira, serão divulgados os dados de inflação nos EUA, com o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) e o Índice de Preços de Produção (PPI). Esses indicadores são cruciais para a próxima reunião do Fed, marcada para o dia 18 de setembro, quando a instituição definirá a política de juros. A decisão do Fed pode ter um impacto direto na valorização do dólar, o que, por sua vez, influencia o mercado de commodities, incluindo o cacau.

Com a confluência desses fatores – volatilidade nos preços, queda na produção da Costa do Marfim, baixa liquidez e incertezas econômicas globais – o mercado de cacau segue em um terreno instável. O cenário requer atenção redobrada por parte dos produtores, comerciantes e investidores, à medida que se desenrola nas próximas semanas.

Fonte: mercadodocacau