Por: Claudemir Zafalon
A reeleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos trouxe fortes repercussões para os mercados financeiros e agrícolas. O fortalecimento do dólar frente a outras moedas globais afetou diretamente o preço dos produtos agrícolas, incluindo o cacau, pressionando indústrias e produtores ao redor do mundo. Em resposta, a gigante suíça de chocolate Barry Callebaut projeta um ano desafiador, marcado por altos preços do cacau e demanda incerta.
A Barry Callebaut, uma das maiores fabricantes de chocolate do mundo, registrou um crescimento anual em seus lucros devido à transferência dos aumentos dos preços de cacau para os clientes. Apesar disso, a empresa prevê um segundo ano consecutivo de estabilidade nos volumes de vendas. A incerteza sobre a demanda no curto prazo persiste, à medida que o preço do cacau se mantém elevado, fator que pode impactar o consumo global de chocolates.
Em comunicado, a Barry Callebaut reconheceu que “há uma incerteza significativa sobre como os aumentos dos preços relacionados com o cacau irão impactar a demanda de curto prazo”. A empresa afirma estar pronta para defender sua participação de mercado, mas em um contexto desafiador.
Os altos preços dos grãos de cacau e os custos adicionais impactaram o fluxo de caixa da empresa. Para lidar com essa pressão, a Barry Callebaut tomou empréstimos de cerca de 2 bilhões de francos suíços, triplicando sua dívida líquida. Jean-Philippe Bertschy, analista do banco Vontobel, comentou que a situação é preocupante: “A disparada da dívida líquida é uma preocupação e dificilmente será resolvida rapidamente”.
Para reduzir custos operacionais, a empresa anunciou um plano de reestruturação que inclui o fechamento de fábricas em países estratégicos, como Alemanha, Malásia e possivelmente na Itália. Mesmo com os aumentos de preços repassados aos consumidores, a decisão visa conter as despesas diante da crescente dívida.
O cenário atual desafia a indústria de chocolate, que enfrenta um ambiente de preços de cacau elevados e uma demanda global incerta. Para empresas como a Barry Callebaut, o próximo ano exigirá estratégias que conciliem competitividade com sustentabilidade financeira, em meio às pressões impostas pelo mercado e pela volatilidade do dólar.
Fonte: mercadodocacau
1 Comment
Pelo que se observa, houve uma falha estrutural nessas empresas processadoras.
Se há problemas operacionais, comerciais etc… Entre outras razões, destaca-se o custo baixo da matéria-prima. Era simples: comprar barato e vender o produto acabado caro.
Quem pagava e paga as despesas é o produtor de cacau.
Já estava passando a ora das indústrias modernizarem suas administrações e cortarem as despesas inúteis.