Dentro da programação da 95ª Semana do Fazendeiro, a Universidade Federal de Viçosa (UFV) promoveu um importante espaço de diálogo sobre uma cultura agrícola em crescente destaque na Zona da Mata mineira: o cacau. O workshop Cacau das Matas de Minas: Desenvolvimento Regional, Sustentabilidade e Novos Mercados reuniu, no auditório da Biblioteca Central do campus Viçosa, representantes de instituições públicas, do setor produtivo, pesquisadores, lideranças regionais e políticos para debater caminhos e estratégias visando a consolidação da cultura cacaueira como uma alternativa viável de geração de renda, inclusão produtiva e desenvolvimento sustentável na região.
Segundo o chefe do Departamento de Solos da UFV e coordenador do workshop, Edson Mattiello, a proposta central do encontro foi discutir e organizar iniciativas para expandir e aprimorar o cultivo do cacau na região, aproveitando a mobilização já existente entre alguns produtores. “Queremos estruturar e potencializar o que já está em andamento, além de expandir o cultivo na Zona da Mata, aproveitando um momento oportuno, inclusive por conta da crise mundial no abastecimento de cacau”, explicou. Ele também citou o exemplo bem-sucedido do norte do Espírito Santo, onde a introdução da cultura transformou realidades locais em apenas cinco anos.
Para ampliar esse movimento, uma das principais propostas apresentadas pela UFV é a criação de um grupo técnico multidisciplinar. A iniciativa deve reunir representantes de diferentes departamentos da Universidade, além de prefeituras da região, cooperativas, produtores, empresas do setor e instituições como Emater, Epamig e Sociedade de Investigações Florestais (SIF). “O cacau é uma cultura integradora, que demanda o envolvimento de diversos setores e diversas áreas do conhecimento – das ciências agrárias à engenharia de alimentos e nutrição – e, por isso, irá articular vários atores dentro da própria Universidade”, destacou Mattiello.
Durante a abertura do evento, o reitor da UFV, Demetrius David da Silva, e o prefeito de Viçosa, Ângelo Chequer, enfatizaram a importância de buscar alternativas para o desenvolvimento regional da Zona da Mata que, apesar de seu potencial, apresenta um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) de Minas Gerais. Para o reitor, o cacau se apresenta como uma alternativa promissora, especialmente por seu valor agregado na cadeia produtiva, como na fabricação de chocolates artesanais e produtos derivados, que podem fortalecer a agricultura familiar.
O representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), José Carlos Polidoro, também participou do workshop e ressaltou que o cacau foi definido, há cerca de seis meses, como uma das prioridades estratégicas do governo federal para fomentar o desenvolvimento socioeconômico do meio rural. Segundo ele, a cultura está inserida em um programa liderado pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), e Minas Gerais foi escolhida como região piloto. “É tecnicamente possível plantar cacau em todos os municípios mineiros, com variações de risco climático”, destacou. Polidoro também lembrou que o novo Plano Safra contempla a cultura com linhas de crédito específicas, com juros reduzidos, por se tratar de uma espécie florestal nativa.
Além da mesa de abertura, o evento contou com falas do presidente da Agência de Desenvolvimento da Zona das Matas (AZM), Carlos Eduardo Orácio, e do representante da Cargill, Fabio Marques, abordando temas como agregação de valor, diferenciação de mercado, desafios logísticos e propostas de políticas públicas para fortalecer a cadeia produtiva do cacau em Minas. A íntegra das falas pode ser conferida no canal oficial da UFV no YouTube.
Também participaram da cerimônia o assessor do Investe Minas na Zona da Mata, Igor Burkovski; o pró-reitor de Extensão e Cultura da UFV, José Ambrósio Ferreira Neto; o diretor do Centro de Ciências Agrárias, Mário Luiz Chizzotti; o deputado federal Reginaldo Lopes, por videoconferência; além de prefeitos, secretários e representantes de diversos municípios da região.
Fonte: ufv