Ferramenta de inteligência artificial identifica doenças do cacau

Sistema desenvolvido por alunos da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) tem 95% de assertividade e será ofertado de forma gratuita a produtores da região

Já amplamente utilizada em máquinas e equipamentos para cultivo de grãos, a inteligência artificial aplicada à agricultura chegará às mãos de pequenos produtores amazônicos de cacau de forma gratuita ainda este ano. Este é o plano de pesquisadores da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) que estão finalizando o desenvolvimento de uma ferramenta para identificação das principais doenças que ocorrem na região.

“Nós usamos uma metodologia de aprendizado de máquina profundo que consegue detectar padrões visuais diferenciados e faz uma correlação matemática para diferenciar o fruto saudável daqueles que apresentam determinada doença”, resume o professor Marcus Braga, do curso de Sistemas de Informação da UFRA. O sistema é utilizado a partir de uma câmera de celular e será disponibilizado de forma gratuita como aplicativo de celular a partir do segundo semestre deste ano.

Ao todo, foram dois anos de desenvolvimento da plataforma, o que incluiu a catalogação de mais de 50 mil imagens de frutos do cacau saudáveis e doentes para treinar o sistema de inteligência artificial, em especial da vassoura de bruxa e a podridão parda.

Com níveis de assertividade que podem chegar a 95%, o principal diferencial da tecnologia está no foco dado às condições de clima e solo local, destaca Braga.

“Nós estamos oferecendo uma tecnologia barata, de acesso facilitado, voltado para as condições das culturas paraenses e focado no pequeno produtor, que é quem tem mais dificuldade de ter acesso à alta tecnologia”, diz o professor.

Com financiamento de R$ 100 mil recebidos da Fapespa (Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas) e do CNPQ, o trabalho permitiu à UFRA construir um laboratório de computação aplicada onde estão sendo desenvolvidas soluções para outras culturas importantes para a região, entre elas a banana, o milho, a soja e a cana-de-açúcar.

De acordo com Braga, a presença na Show Agro, considerada a maior feira agropecuária da região Norte do país, visa aproximar a pesquisa do setor produtivo local e ouvir as necessidades sentidas no dia-a-dia do campo. “São várias as ferramentas possíveis para se aplicar inteligência artificial e agregar valor na cadeia produtiva e a ideia é essa: aproximar a universidade do produtor”, defende o pesquisador.

Em fase final de desenvolvimento, ele conta que a tecnologia tem chamado a atenção de produtores da Bahia, Estado que disputa a liderança da produção nacional de cacau com o Pará. Para a sua replicação no Estado nordestino, contudo, serão necessários até três meses para ajustes no sistema, hoje customizado para as condições de cultivo do Pará.

“É uma ferramenta customizada para o nosso solo, clima e frutos. Somos nós produzindo ciência e tecnologia para o nosso povo”, completa Braga.

Fonte: Globo Rural

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