O Conselho de Café e Cacau (CCC) da Costa do Marfim anunciou a suspensão das compras e exportações de grãos de cacau durante o mês de junho. A medida foi tomada para garantir que os processadores locais possam manter suas fábricas operando, em meio a uma queda na produção de cacau.
De acordo com um representante do CCC, a decisão de interromper temporariamente as exportações foi essencial para evitar o fechamento de fábricas que ficaram sem estoques devido à menor produção de cacau e para incentivar a moagem local. “Não tínhamos mais estoques e estava ficando difícil comprar grãos de outros exportadores. Sem essa decisão, teria sido impossível continuar ativo no local”, afirmou um gerente de uma fábrica de moagem.
As fábricas estimam que precisam adquirir cerca de 250 mil toneladas de grãos de cacau durante a safra para garantir um abastecimento contínuo. No entanto, a produção de média safra da Costa do Marfim deve ficar entre 450.000 e 500.000 toneladas nesta temporada, abaixo das aproximadamente 555.000 toneladas registradas no ano passado. Além disso, a produção e as chegadas de cacau aos portos não têm atingido essas expectativas.
“Todo mundo está preocupado porque temos contratos a cumprir, mas é impossível comprar grãos até o final de junho, e é inviável que os fábricas atinjam suas metas em apenas um mês”, comentou o diretor de uma empresa de cacau.
A suspensão das exportações afeta também as multinacionais que operam na Costa do Marfim, como Cargill, Barry Callebaut, CEMOI e Olam, que abastecem suas fábricas na Europa. Com a proibição de exportar grãos, essas empresas terão que se adaptar e buscar outras fontes de suprimento para atender às suas demandas. “As empresas multinacionais só podem comprar e esmagar localmente. Eles não podem exportar a amêndoa para suas fábricas na Europa, que também esperam grãos marfinense”, explicou outro exportador.
A decisão do CCC é temporária e se aplica apenas ao mês de junho, mas uma fonte do conselho indicou que a suspensão poderá ser estendida, se necessário. A medida visa assegurar que o mercado local de processamento de cacau permaneça robusto e capaz de operar sem interrupções, apesar dos desafios enfrentados pela indústria.
Fonte: english.a