Em mais uma sessão volátil na bolsa de Nova York, o preço do cacau despencou. Os contratos para julho terminaram a sessão de segunda-feira (24/6) em forte queda, de 11,31%, para US$ 7.978 a tonelada.
De acordo com Adilson Reis, analista de mercado, os preços cederam em resposta a movimentações técnicas, e ainda questões relacionadas com a demanda.
“Existe uma forte liquidação dos fundos, que ainda estão sobrecomprados [apostando na alta dos preços]. Também há uma influência de pressão da demanda, que começa a dar sinais de fraqueza, com algumas indústrias reportando diminuição das moagens. Isso acaba ocasionando correções técnicas”, afirma.
Em julho, os dados de processamento de cacau nos principais centros consumidores tendem a confirmar esse cenário de queda na demanda pela amêndoa. “Muitas empresas não têm cobertura de matéria-prima no longo prazo, elas estão trabalhando com compras de curto prazo. Isso pressiona a moagem”, acrescenta Reis.
Em meio a incertezas sobre a nova safra de cacau, que começa em outubro, o analista afirma que ainda é cedo para dizer se será ou não uma nova temporada com déficit na oferta. Ele também não descarta que os preços possam bater novos recordes na bolsa.
“As áreas de plantação no oeste da África são muito vastas. As chuvas de agora estão abaixo da média histórica, mas ainda assim estão melhores que no ano passado. Além disso, os fundos estão colocando uma posição muito volátil nas negociações, e se sai algum dado negativo, eles voltam a comprar [contratos futuros] com o mesmo impulso”. finaliza.
Café
A sessão também foi de oscilação expressiva para o café arábica, que subiu 5,05% nesta segunda, com o contrato para julho negociado a US$ 2,38 a libra-peso.
Apesar do forte impulso nas cotações, Fernando Maximiliano, analista da StoneX, diz que a oscilação ficou restrita ao campo técnico, já que os fundamentos de oferta e demanda do mercado não se alteraram.
“Desde maio, o café vêm ganhando impulso, pela questão de oferta reduzida do robusta, que vem sendo o principal motor desses movimentos de alta. Mas, desde o início de junho, o preço está mais lateral, já que não há novidades para mexer com o mercado”, afirma o analista.
Ao falar sobre tendência, Maximiliano observa que as safras de café do Vietnã e Brasil continuarão sendo determinantes para o rumo das cotações.
“Apesar de o USDA [Departamento de Agricultura dos EUA] prever um crescimento da produção mundial em 2024/25, não há um consenso sobre a oferta do Vietnã. Enquanto o órgão fala em 29 milhões de sacas, outros agentes apostam em uma safra de 24 milhões”.
No que diz respeito a produção brasileira, Fernando Maximiliano avalia que o avanço mais robusto da colheita vai trazer um panorama mais claro sobre as perspectivas de oferta.
“Atualmente a colheita está em 51% da área. Já temos alguns relatos com rendimento abaixo do esperado, mas acredito que quanto alcançarmos os 70% é possível que alguns players façam alguns ajustes em torno das estimativas de produção. Por enquanto, mantemos a nossa projeção de 67 milhões de sacas”, projeta.
Algodão
O preço do algodão se recuperou em Nova York após as baixas recentes que levaram as cotações ao menor patamar em três anos. Os lotes da pluma com entrega para julho fecharam em alta de 4,55%, para 71,29 centavos de dólar por libra-peso.
Açúcar
As cotações do açúcar também tiveram forte avanço na sessão. Os contratos para julho fecharam em alta de 2,32%, cotados a 19,41 centavos de dólar por libra-peso.
Suco de laranja
Por fim, nos negócios do suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês), os papéis para julho fecharam em queda de 0,29%, cotados a US$ 4,2660 por libra-peso.
Fonte: Globo Rural