Indústria de Processamento de Cacau da Nigéria em Declínio: Desafios Econômicos e Regulatórios

 Capacidade de Produção Reduzida a 8%

A indústria de processamento de cacau da Nigéria enfrenta uma crise significativa, operando atualmente apenas a 8% de sua capacidade instalada. Este cenário crítico é resultado de um agravamento das condições econômicas, que têm impedido o pleno funcionamento de suas instalações. Anteriormente, o país contava com 15 plantas de processamento com uma capacidade total de 250.000 toneladas métricas (MT), mas hoje apenas cinco fábricas continuam em operação, processando juntas apenas 20.000 MT por ano.

 Desafios Econômicos e Altos Custos de Produção

Felix Oladunjoye, presidente da Associação de Processadores de Cacau da Nigéria (COPAN), descreveu a situação como “terrível”, destacando os altos custos de energia, a tributação múltipla e a concorrência desleal de comerciantes que oferecem preços mais baixos. “A necessidade de capital de giro aumentou cinco vezes em comparação com o ano passado, juntamente com outros custos de produção crescentes”, afirmou Oladunjoye durante uma coletiva de imprensa.

Além disso, a indústria enfrenta novos desafios impostos pelos regulamentos de exportação propostos para 2024 pela Agência Nacional de Administração e Controle de Alimentos e Medicamentos (NAFDAC). Oladunjoye criticou esses regulamentos como redundantes, alertando que podem resultar em impostos múltiplos, atrasos nas remessas, penalidades e perda de empregos.

 Dívida e Alta Dependência Energética

O setor de cacau da Nigéria está fortemente endividado, com uma dívida acumulada de mais de N50 bilhões em 2017. A alta taxa de importação nos mercados europeus e a dificuldade de acesso a empréstimos a juros acessíveis complicam ainda mais a situação. Sunday Bamikole, diretor administrativo da Premium Cocoa Products Limited, destacou que mais de 30% dos custos de produção são destinados à energia, tornando os processadores nigerianos menos competitivos em comparação com seus concorrentes em Gana e Costa do Marfim.

Impacto dos Novos Regulamentos do NAFDAC

Os novos regulamentos propostos pelo NAFDAC podem agravar ainda mais os desafios enfrentados pela indústria. Segundo Bamikole, essas medidas podem sobrecarregar a agência com responsabilidades regulatórias para as quais pode não estar totalmente preparada, resultando em maiores custos e burocracia. Isso pode não apenas aumentar os encargos regulatórios, mas também dificultar a capacidade dos processadores de atender à demanda global.

 Potencial Não Explorador e Dificuldades Financeiras

Apesar do potencial significativo do setor, a Nigéria, que é atualmente o quarto maior produtor mundial de cacau com 340.163 toneladas produzidas na temporada 2021/2022, não tem conseguido maximizar suas capacidades de produção. Em 2024, o país alcançou um recorde de N408,66 bilhões em exportações de grãos de cacau no primeiro trimestre, mas a agregação de valor por meio do processamento de cacau está em declínio.

Bamikole também destacou que o capital de giro médio necessário aumentou drasticamente, de N20 milhões para N140 milhões por ciclo, um montante que os bancos não estão dispostos a financiar. O custo elevado de envio de grãos de cacau e produtos processados continua a ser um fator agravante, aumentando ainda mais a pressão financeira sobre os processadores.

A indústria de cacau da Nigéria enfrenta múltiplos desafios, desde questões econômicas e regulatórias até dificuldades de financiamento e altos custos operacionais. Para reverter essa situação, será crucial implementar medidas que reduzam os custos de produção, melhorem o acesso a financiamentos acessíveis e revisem os regulamentos de exportação para garantir que sejam justos e viáveis para os produtores locais. Com o potencial ainda não totalmente explorado, resta à Nigéria trabalhar em soluções sustentáveis para reviver e fortalecer seu setor de cacau.

Fonte: mercadodocacau

 

 

 

 

*com informações naija247

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