Costa do Marfim: Otimismo e Cautela na Safra de Cacau em Meio a Desafios Persistentes

Na pequena fazenda de Moussa Konate, localizada na Costa do Marfim, a expectativa pela próxima colheita de cacau é marcada por um otimismo contido. Após uma temporada difícil, onde as doenças devastaram sua safra, Konate agora vislumbra uma recuperação. Suas árvores, que antes pareciam condenadas, agora exibem vagens abundantes e folhas de um verde saudável, sinais claros de que tempos melhores podem estar por vir.

Este cenário positivo não é exclusivo de Konate; reflete uma tendência em todo o cinturão de cacau da África Ocidental, onde melhorias no clima e no manejo agrícola estão alimentando esperanças de uma recuperação na produção. O La Niña, fenômeno climático que promete condições mais favoráveis, traz consigo a expectativa de que a produção global de cacau possa superar a demanda pela primeira vez em quatro anos.

Desafios Persistentes na Produção de Cacau

Apesar dos avanços, a realidade enfrentada pelos agricultores da Costa do Marfim é complexa e cheia de desafios. A doença do broto inchado, que assolou a plantação de Konate, permanece uma ameaça constante e incurável. A única solução eficaz envolve o corte das árvores infectadas, uma prática que nem todos os agricultores estão capacitados ou dispostos a adotar. O treinamento e os recursos são escassos entre os pequenos produtores, que constituem a maioria na região.

Konate, que cultiva 3,5 hectares de cacau junto com suas três esposas e nove filhos, é um exemplo típico. Ele relata que muitos agricultores não estão cientes das práticas necessárias para evitar a propagação da doença, como a desinfecção das ferramentas de corte. “Muitos agricultores não sabem que, para evitar a propagação do vírus, não se deve usar o mesmo facão que foi usado para cortar as árvores afetadas”, explica ele.

Mercado Volátil e Preços Altos

A indústria do cacau na África Ocidental enfrenta também desafios econômicos significativos. Embora a recuperação esperada da produção possa aliviar a escassez que elevou os preços do cacau a níveis recordes, os problemas subjacentes garantem que os preços permaneçam elevados. Analistas preveem que os futuros de cacau em Nova York tenham uma média de US$ 7.000 por tonelada em 2024, um valor ainda muito acima da média histórica de menos de US$ 2.000.

As dificuldades na aquisição de insumos, como fertilizantes e pesticidas, continuam a limitar a produtividade. Além disso, a prática de definir preços ao produtor com antecedência em países como Gana e Costa do Marfim desincentiva o aumento da oferta em resposta a um mercado em alta, mantendo os preços altos.

Impactos e Perspectivas para o Futuro

Em meio a esse cenário, os agricultores de Camarões e Nigéria, que conseguiram capitalizar os altos preços recentes, mostram que há oportunidades no horizonte. No entanto, em países como Gana e Costa do Marfim, onde os preços pagos aos produtores são significativamente mais baixos, a frustração está levando alguns a abandonar o cacau em favor de atividades como a mineração ilegal, que trazem consigo um impacto ambiental devastador.

A sobrevivência e prosperidade da indústria do cacau na África Ocidental dependerão da capacidade dos governos e da comunidade internacional de coordenar e ampliar as iniciativas de apoio aos agricultores. Enquanto isso, produtores como Moussa Konate seguem firmes, equilibrando esperança e cautela, na expectativa de que a próxima colheita seja a tão esperada virada de sorte.

Fonte: mercadodocacau com informações bloomberg

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3 Comments

  1. Jouber silva da costa disse:

    SEGUE A MESMA ESCRITA, O AGRICULTOR COM 3 ESPOSAS E 9 FILHOS EM 3.5 HA DE CACAUE AINDA COM A DOENCA DO BROTO INCHADO TERÁ MUITA DIFICULDADE E ALÉM DISSO ADUBOS, FUNGICIDAS D INSETICIDAS CAROS E O “GOVERNO FIXA PRECOS FUTUROS ” EM VALORES ABAIXO CONSEGUIRA RECUPERAR ? E ASSIM COMO ELE MUITOS TEM A MESMA HISTÓRIA…. A TOADA NAO TRAZ NOVIDADES !

  2. Wellington Menelli disse:

    Otimismo?? Esperança até faria sentido. Otimismo só para os compradores que sonham em comprar baratinho o cacau amargo do sofrimento dos escravos africanos.

  3. Xerxes José Caliman disse:

    Entendo o desespero do final da cadeia do cacau, mas faz alardear que está tudo bem, que em poucos meses haverá cacau sobrando, fica muito feio.

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