As margens de lucro da Hershey, uma das maiores fabricantes de chocolates do mundo, enfrentam um ano difícil em 2024, em meio à alta volatilidade dos preços do cacau, um dos ingredientes-chave da empresa. Apesar dos esforços para gerenciar essa pressão por meio de um aumento de preços programado para 2025, analistas e investidores estão céticos quanto à eficácia dessas medidas.
Durante a mais recente teleconferência de resultados da Hershey, a CEO Michele Buck anunciou que a empresa planeja implementar um aumento de 6% a 7% nos preços de seus produtos. Esse ajuste, segundo Buck, é uma tentativa de mitigar os impactos dos preços historicamente elevados do cacau. No entanto, ela também alertou que esse aumento provavelmente não será suficiente para cobrir totalmente os custos inflacionários. “Seria uma suposição justa que esse preço [atual] não cobrirá totalmente a inflação”, afirmou a CEO.
A preocupação em torno da estratégia de preços da Hershey foi corroborada por analistas do Citigroup, que não acreditam que o aumento proposto será suficiente para compensar a inflação do cacau. A questão da elasticidade de preços também pesa sobre a empresa, pois a capacidade da Hershey de repassar esses custos aos consumidores pode ser limitada, especialmente se os concorrentes optarem por não seguir o mesmo caminho de aumentos. Essa perspectiva desafiadora levou o Citigroup a rebaixar a classificação das ações da Hershey de “Neutra” para “Vender”. Além disso, o banco cortou o preço-alvo das ações da empresa em 7%, para US$ 182, sugerindo uma possível queda adicional de 7% em relação ao preço de fechamento da última segunda-feira.
Os desafios da Hershey não param por aí. Desde que os preços do cacau começaram a subir dramaticamente em maio de 2023, saltando de US$ 2.500 por tonelada métrica (MT) para um pico de US$ 12.200/MT, o preço das ações da Hershey já caiu 30%. Atualmente, o cacau se estabilizou em um intervalo entre US$ 8.000 e US$ 10.000/MT, mas a Organização Internacional do Cacau alerta que a volatilidade deve continuar ao longo de 2024. As incertezas em torno da demanda global e as imprevisibilidades das safras em países produtores chave, como a Costa do Marfim e Gana, manterão os preços sob pressão, complicando ainda mais o cenário para a Hershey.
As ações da Hershey continuaram a cair, com uma queda de 1,4% registrada na terça-feira (27/08), aproximando-se do suporte em sua média móvel de 200 dias. Esse cenário sinaliza um período de incertezas para a gigante do chocolate, que precisará de estratégias robustas para navegar por essas turbulências econômicas e manter sua posição no mercado.
Em suma, 2024 promete ser um ano desafiador para a Hershey, com a empresa tentando equilibrar os preços em meio a uma das maiores pressões inflacionárias de sua história recente. O mercado, por sua vez, permanecerá atento às próximas movimentações da empresa e suas respostas aos desafios globais que estão por vir.
Fonte: mercadodocacau com informações seekingalpha