Em meio a um crescente coro de críticas, os principais comerciantes de cacau solicitaram à União Europeia (UE) que adie a implementação de uma nova regulamentação ambiental que visa combater o desmatamento global. A solicitação foi formalizada por meio de uma carta enviada à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pela Associação Europeia do Cacau (ECA), representando grandes players do mercado como Barry Callebaut e Cargill Inc.
A nova legislação, conhecida como Regulamento Europeu de Desmatamento (EUDR), está programada para entrar em vigor em 30 de dezembro, mas os comerciantes pedem uma extensão de pelo menos seis meses no período de transição. Segundo a ECA, a falta de clareza em relação a elementos fundamentais do regulamento torna os esforços para se adaptar e cumprir as exigências extremamente incertos.
Impacto Global e Críticas Internacionais
A carta da ECA chega em um momento delicado, apenas uma semana após o chanceler alemão, Olaf Scholz, ter expressado preocupações sobre o impacto do regulamento. Países como Brasil, Indonésia e Malásia, grandes exportadores de commodities agrícolas, já manifestaram objeções, argumentando que a legislação pode prejudicar o comércio internacional.
A ECA alerta para as possíveis consequências negativas para a cadeia de abastecimento de cacau, caso o regulamento seja implementado sem ajustes. “Dadas essas deficiências, a implementação do EUDR está respeitosamente caminhando para um fracasso crítico, com sérias consequências para a cadeia de abastecimento do cacau”, afirmou Paul Davis, presidente da associação.
Desafios Operacionais e Preocupações Tecnológicas
Entre as principais dificuldades citadas pela ECA está o funcionamento de um sistema de informação essencial, cuja capacidade de processar grandes volumes de dados agrícolas é questionada. A associação também expressa incertezas sobre como os Estados-membros da União Europeia interpretarão e aplicarão a nova legislação.
O Regulamento Europeu de Desmatamento faz parte de um esforço mais amplo da UE para combater as mudanças climáticas e a degradação ambiental. No entanto, à medida que as discussões avançam, fica claro que há uma tensão crescente entre os esforços regulatórios europeus e os interesses comerciais globais, especialmente em setores sensíveis como o de commodities agrícolas.
A questão agora é se a União Europeia cederá aos apelos de seus parceiros comerciais e reconsiderará o prazo para implementação do regulamento, ou se seguirá em frente com seu cronograma original, arriscando uma possível ruptura no mercado global de cacau.
Fonte: mercadodocacau com informações bloomberg
2 Comments
PARECE Q TEM CACAU EM EXCESSO PARA TER MAIS UMA RESTRIÇÃO …
Interessante! Europeu transformou a Europa em descampado e agora quer impor regras nos outros países. Voe por cima da França ou da Espanha em Agosto e não vai ver uma árvore nem água. O cacau cresce por debaixo das árvores. Não precisa de desmatar para o plantar. De resto, o Brasil,com toda a maldade ou ignorância usada em termos de situação ambiental, apenas usa cerca de 8% de seu território para a agricultura. Então impor regras vai ser tiro no pé. Europa não produz cacau. E os outros produtores, não têm comparação com com o Brasil. Parece ter chegado a hora de o olhar com seriedade!