Por: Claudemir Zafalon
O preço do cacau tem sofrido pressões nas últimas sessões, influenciado pela instabilidade política mundial e pelos rumores de queda no consumo de chocolate. A situação tem sido agravada pela queda contínua dos estoques certificados nos armazéns do ICE, que agora contabilizam 2.104.985 sacas.
Em meio a esse cenário de incerteza, uma matéria da Bloomberg trouxe a notícia de que a União Europeia (UE) está preparada para adiar em um ano a implementação de sua regulamentação histórica de combate ao desmatamento. A Comissão Europeia cedeu à pressão dos países e indústrias produtores de matérias-primas, propondo a prorrogação das regras que visam reduzir a contribuição da UE para o desmatamento global por meio de suas importações de commodities, como café, cacau, soja e carne bovina.
O regulamento, inicialmente previsto para entrar em vigor em 30 de dezembro, agora precisará da aprovação do Parlamento Europeu e dos 27 estados membros para ser adiado por 12 meses. As regras exigem sistemas de rastreamento complexos, obrigando os importadores a coletar dados precisos para identificar os lotes de terra onde as mercadorias foram cultivadas, garantindo que os produtos não sejam oriundos de áreas desmatadas ou degradadas após 2020.
Essa medida de adiamento é mais um sinal da reação negativa ao programa ambiental da UE, que enfrenta críticas quanto à viabilidade das exigências para importadores e produtores. A necessidade de garantir conformidade tem levado comerciantes de café a estocar grãos antes do prazo, e um grande torrefador já alertou que os consumidores europeus poderão enfrentar aumentos de preço quando a regulamentação entrar em vigor. No setor de cacau, um grupo já havia expressado em setembro preocupações de que a lei se encaminhava para um “fracasso crítico”.
O adiamento da regulamentação é visto por alguns como um alívio temporário para os produtores de cacau, que ainda enfrentam desafios como a instabilidade climática e as oscilações nos preços do mercado. Entretanto, a perspectiva de aumento de custos e dificuldades no rastreamento das origens dos produtos ainda representa uma preocupação significativa para o setor, que tenta equilibrar sustentabilidade e rentabilidade em um contexto de crescente regulamentação ambiental.
Fonte: mercadodocacau