Oferta global de cacau prevê primeiro excedente em quatro anos, aliviando preços para fabricantes e consumidores

Após anos de escassez, o mercado global de cacau pode finalmente respirar aliviado. A temporada de 2024/25, que tem início em outubro, deve marcar o primeiro excedente de oferta de cacau em quatro anos, impulsionado por melhores práticas agrícolas e condições climáticas favoráveis na África, segundo um relatório da corretora e analista StoneX divulgado nesta quinta-feira.

A StoneX projeta um superávit de 166.000 toneladas métricas para o principal ingrediente na fabricação de chocolate, uma recuperação impressionante após um déficit de quase meio milhão de toneladas registrado em 2023/24. Este superávit pode representar um alívio para fabricantes e consumidores de chocolate, que viram os preços subirem consideravelmente nos últimos dois anos devido à escassez de cacau, resultado de fatores como clima desfavorável, doenças e até mesmo mineração ilegal na África Ocidental — a maior região produtora de cacau do mundo.

Os preços do cacau em Nova York subiram 61% em 2023 e já acumularam uma alta de 67% até agora este ano, refletindo a crise de oferta. Contudo, o cenário para o próximo ano parece ser de queda nos preços, com o aumento da produção na África Ocidental.

“Os produtores de cacau se beneficiaram de preços mais altos para aumentar o cuidado com as colheitas, e há relatos de bom desenvolvimento das safras na África Ocidental”, explicou Rafael Borges, analista de cacau da StoneX. Esse cenário promissor deve ser liderado pela Costa do Marfim, o maior produtor mundial de cacau, cuja produção deve crescer 12,1%, chegando a 1,95 milhão de toneladas em 2024/25. Já em Gana, o segundo maior produtor, a produção deve dar um salto impressionante de 33%, alcançando 600.000 toneladas.

Além do aumento na oferta, o relatório também destaca que os altos preços reduziram a demanda, o que contribui para a elevação da relação estoques/uso — um indicador fundamental da oferta global. Este índice deve subir para 31,7% em 2024/25, um aumento significativo em relação aos 27,2% registrados em 2023/24, o nível mais baixo desde a temporada de 1976/77.

Impacto no Mercado e nos Consumidores

O aumento da oferta e a queda nos preços representam uma boa notícia para a indústria do chocolate, que tem enfrentado custos elevados para manter a produção. Esses custos, muitas vezes, foram repassados aos consumidores, elevando os preços de produtos à base de cacau e restringindo o consumo em várias partes do mundo.

Com a projeção de superávit para a próxima temporada, a tendência é que os preços do cacau se estabilizem, proporcionando um alívio tanto para os produtores de chocolate quanto para os consumidores finais. Essa recuperação na produção, especialmente em países como Costa do Marfim e Gana, reforça a importância de práticas agrícolas sustentáveis e do investimento na cadeia de produção do cacau para garantir um fornecimento estável e acessível do produto no longo prazo.

O Papel do Clima e das Práticas Agrícolas

A melhoria das condições climáticas e o aumento dos cuidados com as lavouras foram os principais fatores para a reversão do déficit de cacau. Nos últimos anos, os produtores de cacau na África Ocidental enfrentaram desafios que incluíram não apenas questões climáticas, como secas e chuvas irregulares, mas também a ameaça de doenças nas plantações e a crescente mineração ilegal, que impactou áreas de cultivo.

Com o incentivo dos preços altos, os produtores aumentaram o cuidado com as plantações, implementando melhores práticas de manejo, o que garantiu uma recuperação na produção. O cenário mostra que o investimento em práticas agrícolas adequadas e o apoio aos agricultores são essenciais para a manutenção da estabilidade na oferta de cacau, crucial para uma indústria que movimenta bilhões de dólares anualmente.

Perspectivas para o Futuro

A temporada 2024/25 se desenha como um ponto de virada para o mercado global de cacau. Caso as previsões se concretizem, o excedente de oferta trará um novo equilíbrio para o mercado, reduzindo os altos preços que afetaram consumidores e fabricantes nos últimos anos. No entanto, a sustentabilidade dessa recuperação dependerá, em grande parte, da continuidade dos esforços dos produtores em manter boas práticas agrícolas e da estabilidade das condições climáticas na África Ocidental.

Com o aumento da relação estoques/uso, o mercado pode voltar a respirar mais tranquilamente, favorecendo um consumo mais acessível e garantindo que o chocolate continue sendo um prazer ao alcance de todos.

Fonte: mercadodocacau com informações reuters

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9 Comments

  1. Xerxes José Caliman disse:

    Realmente impressionante é a falta de perspicácia de quem planta uma notícia dessa.
    Choveu na África entre janeiro e agosto e ninguém viu?
    As pragas e doenças eram fake?
    Troquem o marqueteiro ou o ridículo cobrará o preço.

  2. Vicente Netto disse:

    Não estamos em escassez ? Do nada surgiu essa informação de “excedente” ?
    Por favor, quando copiarem a matéria de algum lugar, incluam o link da mesma. E não apenas citar a fonte.

  3. Luiz Oliveira disse:

    A conjugação de fatores adversos que atingiram fortemente a cacauicultura de Gana e Costa do Marfim, não se supera em 1 ano, até pq eles são de base estrutural. Esse comentário não tem o menor fundamento técnico ou rigor científico nada mais é do que uma artificialização dos preços futuros do cacau escondido por trás do truque dos estoques que, na realidade, estão no seu limiar mais baixo de toda a história.

  4. Lanir disse:

    Impressionante como as pessoas podem prever um futuro baseando-se no clima kkk, virou Deus?

  5. Antonio Carlos disse:

    O problema de tudo isso é que vão baixar o preço para comprar do produtor mas o consumidor final nunca que verá os preços baixarem pelo menos não aqui no Brasil podem esperar.no final das contas só quem se fode é o produtor que trabalha de sol a sol para produzir e o consumidor final que paga a conta enquanto isso os atravessadores e os especuladores enriquecem as custas de quem trabalha e paga a conta

  6. Quero vender meu cacau, e não tem pra quem,meu cacau e nativo, 100% qualidade total, alguém interessado, me chama no sapp, 92988095343, Tavares

  7. Marcos Espinheira disse:

    O mercado global do cacau baseia-se em estrutura oligopolista manipuladora do desorganizado dos pequenos e médios produtores de cacau!. Em busca do aumento da lucratividade da indústria chocolateira p este final de ano, entendam , festas natalina e de final de ano engendram distorções colocando incremento na produção, resolvendo a crise hídrica e infestação de doenças fungicas, ainda nao resolvida no Brasil.
    Redução na produção dos maiores produtores levará uns 8 a 10 anos para reverter a tendência de queda na oferta, sustentando em contrapartida a tendência de preços altos.

  8. JOSEVAL OLIVEIRA disse:

    Realmente, parece tudo uma grande mentira. Outro fator a se considerar é: sabemos que a melhoria nas práticas do cultivo foi devido ao aumento do preço. Se o preço cair, o produtor não terá condição financeira pra cuidar da lavoura, que depende muito de mão-de-obra, e automaticamente, diminuirá a produção nos próximos anos novamente. O problema foi que o preço do cacau nas últimas décadas não acompanhou o custo de produção que aumentou muito. Por isso, o agricultor (que nessa reportagem não é levado em consideração, só os fabricantes e consumidores) não consegue realizar os cuidados necessários e acaba toda a cadeia produtiva do cacau sofrendo. Então, também temos que ter preços justos para quem produz, sob pena de vivermos novamente picos no preço como tivemos no último ano.

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