Cacau nacional: Recebimento e moagem enfrentam queda de 23% nos nove primeiros meses de 2024

A indústria processadora de cacau no Brasil atravessa um período desafiador, com dados recentes revelando uma significativa queda no recebimento e na moagem de amêndoas nos primeiros nove meses de 2024. Segundo informações divulgadas pela Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), o volume de cacau nacional recebido recuou 23,3%, totalizando 124,9 mil toneladas em comparação com 162,9 mil toneladas no mesmo período de 2023.

Queda no Recebimento e Moagem

O cenário é ainda mais alarmante quando analisamos o terceiro trimestre de 2024. Embora tenha havido um aumento de 67,9% no recebimento em comparação com o segundo trimestre (39,6 mil toneladas para 66,6 mil toneladas), esse volume ainda representa uma redução de 4,3% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, que recebeu 69,6 mil toneladas. Anna Paula Losi, presidente executiva da AIPC, destaca que “o recebimento melhorou em relação ao semestre passado, mas ainda é inferior ao do ano passado”, enfatizando os impactos climáticos e perdas causadas por pragas, como a vassoura-de-bruxa e a podridão parda.

A moagem de cacau também registrou uma queda de 10,8%, com o volume industrializado totalizando 169,7 mil toneladas, comparado às 190,4 mil toneladas do ano anterior. No terceiro trimestre, essa queda foi de 13,5%, passando de 64 mil toneladas para 55,3 mil toneladas. Losi atribui essa redução à baixa qualidade das amêndoas recebidas, que estão vindo com muita sujeira, prejudicando o processo industrial, além da queda na demanda devido à instabilidade do mercado.

Desempenho por Estado

A Bahia se destacou como o maior produtor de cacau, respondendo por 50,6% do volume total recebido pela indústria, com 63,2 mil toneladas registradas — uma queda de 30,5% em relação ao mesmo período de 2023. O Pará, por sua vez, contribuiu com 45,6% do volume, totalizando 56,9 mil toneladas, o que representa uma queda de 13,5% em comparação com 65,8 mil toneladas no ano passado.

Os estados do Espírito Santo e Rondônia contribuíram com volumes menores, de 3,7 mil toneladas e 1,1 mil toneladas, respectivamente, refletindo uma queda de 18,4% em relação aos valores do ano anterior.

Importação e Exportação

No que diz respeito ao comércio internacional, a importação de amêndoas de cacau caiu 47,7%, totalizando 22,5 mil toneladas entre janeiro e setembro de 2024, em comparação com 43 mil toneladas no mesmo período do ano anterior. Importante ressaltar que não houve importação de amêndoas no terceiro trimestre de 2024. Anna Paula prevê que a instabilidade atual do cenário pode levar à necessidade de importação de cacau nos próximos meses, principalmente para cumprir os compromissos de exportação.

As exportações, por outro lado, foram modestas, com apenas 399 toneladas de amêndoas enviadas para o exterior, enquanto a exportação de derivados de cacau permaneceu estável, passando de 35,5 mil toneladas para 36,6 mil toneladas, embora com uma tendência de alta nos últimos trimestres.

Perspectivas do Mercado Internacional

No cenário internacional, Caio Santos, do departamento de mercado da StoneX, projeta que a temporada 2024/25 deve apresentar o primeiro excedente global de oferta de cacau em quatro anos. Essa recuperação da produção será impulsionada por um aumento na produção da Costa do Marfim e de Gana, com expectativas de crescimento de 12,1% e 33%, respectivamente. Para o Brasil, a projeção é de uma recuperação de 20,6%, alcançando 205 mil toneladas, caso as condições climáticas melhorem.

Santos ainda observa que a redução na demanda, causada pelos altos preços, deve elevar a relação estoque/uso, o que pode pressionar os preços para baixo nos próximos meses, especialmente com a entrada da nova safra e a possibilidade de adiamento da EUDR (Lei Antidesmatamento da União Europeia), o que poderia facilitar a entrada de mais cacau na UE.

O cenário atual do cacau no Brasil é um reflexo de uma série de desafios que vão desde questões climáticas até o impacto de pragas e a instabilidade do mercado. Enquanto a indústria se esforça para melhorar a produtividade e a qualidade das amêndoas, a expectativa é de que as iniciativas para revitalizar o setor comecem a dar frutos nos próximos anos, garantindo a sustentabilidade e a competitividade do Brasil no mercado global de cacau.

Fonte: mercadodocacau com informações AIPC

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1 Comment

  1. Jouber silva da costa disse:

    PO , A D ANA PAULA VAI IMPORTAR ? FAZ PALGUM TEMPO QUE ELA I DIVOU O NOSSO CAMINHO, ESTAVAMIS INSATISFEITOS COM OS PRECOS , ELA DISSE ” ENTAO EXPORTEM ” QUEM SABE ..

    FALTANDO CACAU EM TODOS LUGARES E O PEDRA
    STONE AFIRMANDO QUE TERÁ EXCEDENTS ..AONDE ?

    CACAU NACIONAL PARA QUEM É EXPERT.DEVIA DE SABER ” E IMA VARIEDADE DE EXPORTACAO DIO EQUADOR E DE OTIMA QUALUDADE… não confinda Corpus Christi com Habeas-corpus …cuidado

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