Por: Claudemir Zafalon
A Costa do Marfim, maior produtora mundial de cacau, enfrenta desafios críticos nesta temporada devido às chuvas intensas que atingem as regiões oeste, sudoeste e costeira. As fortes precipitações têm prejudicado a colheita, a secagem e o transporte dos grãos de cacau, com estradas bloqueadas e condições de acesso deterioradas em áreas chave, como Duekoue, Guiglo e Man.
Exportadores, cooperativas e compradores têm observado uma queda nas chegadas de cacau aos portos e um declínio acentuado na qualidade dos grãos. “Estamos vendo uma desaceleração nas chegadas de cacau aos portos… mas o que mais preocupa é a qualidade ruim dos grãos que estão chegando”, alertou um exportador. A dificuldade em secar adequadamente os grãos devido à umidade elevada compromete sua qualidade, impactando diretamente o mercado.
Impactos na qualidade e economia
As consequências das chuvas não são apenas uma preocupação para os agricultores, mas também para a economia do país, que depende fortemente das exportações de cacau. Com a temporada de colheita prejudicada, o volume de cacau que chega aos portos diminuiu, e a qualidade inferior dos grãos pode afetar as negociações com compradores internacionais. O mercado global exige padrões rigorosos, e grãos com qualidade abaixo do esperado podem sofrer desvalorização, prejudicando a receita de exportação.
A situação agrava-se com a previsão de novas regras ambientais. Uma agência comercial das Nações Unidas está prestes a lançar uma plataforma online para ajudar pequenos agricultores a manterem o acesso ao mercado europeu. Isso é vital, pois a partir do final de 2025, novas regras de desflorestação entrarão em vigor, limitando as exportações de cacau oriundas de áreas que não cumpram os regulamentos ambientais. Para os produtores marfinenses, isso coloca ainda mais pressão na melhoria das práticas agrícolas e na sustentabilidade da produção.
Fonte: mercadodocacau