Após os preços históricos deste ano — ontem o cacau bateu uma nova marca, de US$ 12.565 por tonelada na bolsa de Nova York —, a indústria processadora de cacau acredita que 2025 deve ser um ano de mais recordes.
O motivo, segundo Anna Paula Losi, presidente-executiva da Associação da Indústria Processadora de Cacau (AIPC), é o déficit global na oferta que já chega a 500 mil toneladas, reflexo, sobretudo, de problemas climáticos no oeste da África, que concentra a produção mundial.
Em Gana, o segundo maior produtor global, as informações são de que há perdas de áreas de cacau para a mineração ilegal, afirma Losi. Na Costa do Marfim, o maior produtor da amêndoa, as quebras ocorrem por envelhecimento das plantas, problemas climáticos e falta de investimentos na lavouras, que favorecem o surgimento de pragas e doenças.
A situação foi difícil também para os produtores baianos de cacau, que sofreram com a seca este ano. De acordo com a dirigente, houve muitos casos de podridão parda nas lavouras da Bahia. “A safra só não foi pior para o produtor por causa do preço. Se o cacau tivesse se mantido em US$ 2 mil a tonelada, muitos teriam quebrado. Graças aos preços recordes, muitos produtores investiram nas lavouras em busca de mais produtividade. A safra que começou em outubro e vai até março deve ter pouco cacau, mas a partir de abril vem uma safra muito boa”, afirma.
A indústria, diz ela, espera que o aumento de produtividade no Brasil seja constante e não oscile como ocorreu nos últimos anos. “Agora é o momento de planejar bem a propriedade para obter o lucro que o produtor não conseguiu nos últimos anos, mas é fundamental melhorar a produtividade para ganhar dinheiro também nos períodos de baixa”, defende.
A média de produção no Brasil é de 300 quilos a 350 quilos por hectare. Para ser rentável, na avaliação da executiva, é preciso colher 900 quilos por hectare.
Para Anna Paula Losi, a Páscoa de 2025 vai mostrar como o consumidor irá se comportar em relação aos preços, porque, com estoques reduzidos, será difícil ter volume de chocolate produzido com cacau mais barato.
“A média da tonelada deve ficar acima de US$ 8 mil. Já houve queda de moagem este ano no Brasil, na Europa e nos EUA e, embora as indústrias se esforcem para não repassar todos os custos, deve haver queda de consumo”, ela projeta.