Por: Claudemir Zafalon
O mercado futuro de cacau segue apresentando extrema volatilidade, refletindo nas negociações e nas estratégias das grandes empresas do setor. Na sessão de ontem, o contrato de maio operou dentro de um amplo intervalo entre US$ 7.770 e US$ 8.632 por tonelada, encerrando o dia com alta de US$ 164, a US$ 8.376/tonelada. O volume negociado para este contrato foi de 15.982 contratos, enquanto o volume total alcançou 38.233 contratos. O interesse em aberto, no entanto, continua sua trajetória de queda, situando-se em 101.429 contratos.
Paralelamente, os estoques certificados monitorados pela ICE nos portos dos EUA registraram nova queda, totalizando 1.444.878 sacas. Além disso, até o momento, não houve entregas físicas do contrato de março, permanecendo em 924 contratos.
Dólar e Impacto nos Negócios
O dólar futuro, com vencimento em 31 de março de 2025, fechou a sessão de ontem cotado a R$ 5,917. No entanto, apresentou leve recuo na manhã de hoje, sendo negociado a R$ 5,905. As oscilações cambiais seguem influenciando a formação de preços no mercado de cacau, contribuindo para a incerteza entre investidores e empresas do setor.
Hershey Critica Desconexão do Mercado Futuro
A gigante do setor de chocolates, Hershey, manifestou preocupação com a atual dinâmica do mercado futuro de cacau na ICE, afirmando que ele está “desconectado da realidade”. Segundo Tricia Brannigan, vice-presidente de compras da empresa, as elevadas chamadas de margem afastaram os participantes comerciais, reduzindo o interesse aberto e provocando oscilações acentuadas nos preços.
Os contratos futuros de cacau em Nova York e Londres vêm registrando fortes oscilações desde que atingiram recordes históricos no fim do ano passado, impulsionados por problemas de produção na África. Na segunda-feira, os preços em Nova York recuaram 10%, apenas para recuperarem 5% na terça-feira. A ICE, até o momento, não respondeu às solicitações da Hershey para investigar possíveis práticas especulativas no mercado.
A crescente volatilidade fez com que a ICE aumentasse os depósitos de margem exigidos dos participantes do mercado para US$ 15.235,00 por contrato nesta terça-feira, o que pode impactar ainda mais a liquidez do setor.
Lindt & Spruengli Planeja Novos Aumentos de Preços
Outra grande player do setor, a fabricante suíça de chocolates Lindt & Spruengli, anunciou que aumentará os preços de seus produtos em dois dígitos durante 2025 para compensar os elevados custos do cacau.
Em 2024, a empresa já havia implementado um aumento de 6,3%, mas, segundo Martin Hug, diretor financeiro da Lindt, esse reajuste não foi suficiente para neutralizar o impacto da alta no preço dos grãos. “O chocolate no futuro será mais caro do que era há dois ou três anos. Isso não se aplica apenas à Lindt, mas ao setor como um todo”, afirmou Hug.
Apesar do cenário desafiador, a empresa reportou um lucro operacional anual acima das expectativas, atribuindo esse desempenho à combinação de controle de custos, otimização de processos e reajustes de preços.
O mercado de cacau segue sob forte pressão, com volatilidade extrema e impactos diretos na indústria de chocolates. A saída de participantes comerciais do mercado futuro, os altos custos de produção e os constantes reajustes nos preços dos produtos finais são apenas alguns dos desafios enfrentados pelo setor. Com as atuais projeções, os consumidores podem esperar aumentos contínuos no preço do chocolate nos próximos anos.
Fonte: mercadodocacau com informações reuters