Brasil tem capacidade para alcançar fatia de 13% do mercado global de cacau, diz estudo

Antigo líder da produção mundial de cacau na década de 1980, o Brasil é o único país que tem condições de voltar a ser um grande ator global do segmento e ainda estruturar todos os elos da cadeia produtiva “fora da porteira”, uma vez que já tem um parque industrial instalado e um dos maiores mercados consumidores de chocolate do mundo.

Essa conclusão foi traduzida em números pelo Instituto Aya, da Aya Partners, consultoria criada por Patrícia Ellen para apoiar projetos de transição verde da economia brasileira e que está colaborando nas discussões para a construção do Plano de Transformação Ecológica pelo Ministério da Fazenda. Um relatório produzido pela consultoria contou com apoio da Systemiq, empresa focada no desenvolvimento de soluções para problemas globais.

De acordo com o relatório, o Brasil tem capacidade de gerar até US$ 2,3 bilhões em receita na cadeia do cacau, o que representaria 13% do mercado global, e criar até 300 mil empregos no setor até o fim da década. Em projeções mais modestas, o desenvolvimento da cadeia da amêndoa no país poderia gerar ainda US$ 1,5 bilhão até 2030, o que já representaria 9% do mercado global.

Segundo o relatório da consultoria, “o Brasil possui vantagens comparativas em todas as etapas da cadeia produtiva do chocolate, que podem ser aproveitadas para aumentar sua participação no mercado global”. A começar pela etapa dos insumos agrícolas. Com o apoio da Embrapa e do Comitê Executivo do Plano de Cacauicultura (Ceplac), o país tem hoje uma das maiores produções de mudas e maquinários de cacau.

Além disso, o Brasil também tem experiência com a produção de cacau em sistema agroflorestal, o que demanda mudas de outras espécies de árvores nativas ou de outras espécies alimentares para sombrear os cacaueiros e compor a paisagem, área em que o país também tem expertise.

Dentro das porteiras, o potencial de expansão da produção está nas áreas de pastos degradados. Representantes do segmento vêm defendendo perante o Ministério da Agricultura, inclusive, que o cacau seja considerado uma das culturas prioritárias no Programa de Conversão de Pastagens Degradadas – que ainda não saiu do papel.

A dificuldade hoje para a expansão do cultivo de cacau no país é a falta de acesso ao crédito. Segundo o relatório de Aya e Systemiq, dados do Banco Central indicam que apenas 0,05% do crédito agrícola no Brasil vai para o cacau. Além disso, os produtores brasileiros ainda enfrentam hoje o problema da baixa produtividade e pragas, como a vassoura-de-bruxa.

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