Crise do Cacau em Gana: Cocobod Enfrenta Déficit Bilionário e Impactos no Mercado Global

A indústria do cacau em Gana, segundo maior produtor mundial do grão, enfrenta uma crise financeira sem precedentes. O presidente do país, John Mahama, revelou que o órgão regulador do setor, Cocobod, pode acumular uma perda de aproximadamente US$ 1,3 bilhão devido a contratos avançados que não foram cumpridos. A situação ocorre em meio a um cenário econômico desafiador na África Ocidental, onde a crise do custo de vida agrava ainda mais o quadro.

Déficit e Dívidas Crescentes

De acordo com a agência Reuters, Gana precisa pagar cerca de US$ 8,7 bilhões em dívidas, incluindo US$ 4 bilhões para sua empresa de eletricidade e outros US$ 2 bilhões devidos à Cocobod. O órgão enfrenta atualmente um passivo de 32,5 bilhões de cedis (cerca de US$ 2,1 bilhões). O presidente Mahama explicou que, na temporada 2023/2024, a Cocobod não conseguiu entregar 333.767 toneladas métricas de cacau, que haviam sido vendidas antecipadamente por £2.600 por tonelada. Como resultado, os contratos foram adiados para a temporada 2024/2025.

A consequência desse atraso é uma perda significativa de receita. Para cada tonelada entregue este ano, os produtores ganenses e a Cocobod deixarão de ganhar US$ 4.000. Além disso, a Cocobod terá um prejuízo adicional de US$ 495 milhões ao final da entrega dos contratos pendentes. O governo atribui essa perda ao fato de o órgão não ter aproveitado o momento de alta no mercado futuro, quando os preços do cacau chegaram a US$ 12.000 por tonelada. Atualmente, as negociações giram entre US$ 7.000 e US$ 8.000, ainda assim muito acima dos valores praticados há dois anos.

Impacto no Mercado Global

Apesar das dificuldades enfrentadas por Gana, há sinais de recuperação na produção mundial. Dados da Organização Internacional do Cacau (ICCO) mostram que a Costa do Marfim, maior produtora mundial, registrou um aumento de 14,8% nas chegadas de cacau aos portos até 9 de março de 2025, totalizando 1,4 milhão de toneladas. Já em Gana, a quantidade de cacau classificado e armazenado chegou a 550.000 toneladas no final de janeiro de 2025, superando a produção total da safra anterior, estimada em 530.000 toneladas.

No entanto, a demanda global por cacau tem sofrido pressões devido ao alto custo do grão. Fabricantes de chocolate premium, como Mondelēz e Hershey, relataram dificuldades operacionais em razão da inflação nos preços do cacau. A ICCO destacou que a Hershey já prevê uma redução significativa nos lucros de 2025 devido ao encarecimento da matéria-prima. Com isso, os fabricantes podem optar por aumentar os preços dos produtos, o que pode gerar uma queda nas vendas em volume, já que os consumidores têm se mostrado mais seletivos diante de restrições orçamentárias.

Além disso, há um novo fator de incerteza no horizonte: a possível imposição de tarifas adicionais sobre o cacau, o que poderia abalar ainda mais a estabilidade do mercado global. Com um setor já acostumado a choques nos últimos anos, especialistas alertam que o impacto dessas tarifas pode ser profundo, afetando desde os produtores nos países africanos até os consumidores finais ao redor do mundo.

Perspectivas para o Futuro

A crise financeira da Cocobod e os desafios enfrentados pelos produtores ganenses colocam um alerta sobre a necessidade de melhores estratégias para gerenciar contratos e precificação no mercado internacional. Enquanto a produção em algumas regiões começa a se recuperar, os efeitos da instabilidade econômica e das mudanças climáticas ainda representam grandes desafios para o setor. O futuro do cacau dependerá, em grande parte, da capacidade dos países produtores de se adaptarem a um mercado global cada vez mais volátil e exigente.

Fonte: mercadodocacau com informações confectioneryproduction

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