Após um período de baixa produtividade e corte de cacaueiros nas províncias de Dak Lak e Dak Nong, no Planalto Central do Vietnã, a produção de cacau está se recuperando gradualmente. Esse renascimento é impulsionado pelos esforços dos agricultores locais e pelo apoio da União Europeia (UE) na implementação de um modelo de economia circular.
Na semana passada, o embaixador da UE no Vietnã, Julien Guerrier, visitou fazendas e cooperativas nas duas províncias, testemunhando o progresso do setor. Durante a visita, Guerrier provou frutas frescas de cacau e ouviu relatos de agricultores sobre a transformação do cultivo na região.
Alta nos Preços e Expansão da Produção
As mudanças climáticas reduziram a oferta global de cacau, elevando os preços e tornando o cultivo mais atraente economicamente. Agricultores em Dak Lak e Dak Nong têm colhido os benefícios dessa valorização. Nguyen Duc Thanh, um agricultor local, expressou entusiasmo ao relatar que o preço do cacau fresco quadruplicou, passando de VND 20.000-30.000 (US$ 0,8-1,2) para VND 80.000 (US$ 3,1) por quilo.
A Cooperativa Nhat Tam, no distrito de Ea Kar, atualmente cultiva cacau em 750 hectares, mas há planos de expansão para 11.000 hectares até 2030. Em Dak Nong, a produção aumentou de uma tonelada para até três toneladas métricas por hectare, graças a suporte técnico e melhorias na qualidade dos grãos.
Sustentabilidade e Inovação
O projeto “Economia Circular na Produção de Cacau: Dos Grãos de Cacau às Barras de Chocolate”, financiado pela UE com um orçamento de 1,9 milhão de euros, tem sido fundamental para essa transformação. Com a colaboração da organização suíça Helvetas e do Centro de Desenvolvimento Comunitário, os agricultores receberam treinamento em cultivo sustentável, uso de biochar, produção de fertilizantes orgânicos e processamento de cacau de alta qualidade.
Empresas privadas também contribuem para o fortalecimento do setor. A Puratos Grand-Place, do grupo belga Puratos, não apenas compra cacau vietnamita, mas também oferece incentivos aos agricultores. A fabricante de chocolate Marou, por sua vez, demonstra interesse em adquirir cacau orgânico da fazenda Nhat Thong, que recebeu suporte técnico para atingir padrões internacionais.
Vietnã como Modelo de Economia Circular
O embaixador Guerrier destacou que o Vietnã está liderando a adoção da economia circular na produção de cacau. Nas fazendas, além do cacau, os agricultores cultivam outras culturas, aproveitam subprodutos e utilizam fertilizantes orgânicos, criando um sistema mais sustentável.
A regulamentação da UE contra o desmatamento (EUDR) também impulsionou o setor, exigindo rastreamento da origem do cacau para evitar a destruição de florestas. Essa medida ajudou os agricultores vietnamitas a obter certificações de sustentabilidade e a exportar cacau por preços mais altos para mercados exigentes como a UE e o Japão.
Perspectivas para o Futuro
Embora o Vietnã ainda represente apenas 0,1% da produção global de cacau, seus grãos são reconhecidos entre os melhores do mundo pela Organização Internacional do Cacau (ICCO). Com o fortalecimento do setor e o cumprimento dos requisitos ambientais internacionais, o país tem potencial para se tornar um modelo de produção sustentável na indústria global do cacau.
Fonte: mercadodocacau com informações uoitrenews