A crise política na Costa do Marfim se intensificou após a desqualificação do ex-CEO do Credit Suisse, Tidjane Thiam, como candidato à presidência nas eleições marcadas para 25 de outubro deste ano. O principal partido de oposição do país anunciou que tomará as ruas no próximo mês em protesto contra a decisão do tribunal de Abidjan, que retirou o nome de Thiam da lista eleitoral.
Apesar do chamado para manifestações nesta quinta-feira em frente aos tribunais, apenas algumas centenas de apoiadores compareceram, segundo relatos de um jornalista da AFP. A baixa adesão ocorre em meio a fortes medidas de segurança impostas pelo governo, que alertou que não tolerará qualquer tipo de agitação civil. Policiais bloquearam os acessos aos tribunais tanto em Abidjan, capital econômica, quanto em Bouaké, a segunda maior cidade do país.
A polêmica decisão judicial baseou-se na alegação de que Tidjane Thiam perdeu sua nacionalidade marfinense ao adquirir cidadania francesa em 1987. Com isso, o tribunal o considerou inelegível para concorrer às eleições presidenciais. A sentença é definitiva e não pode ser contestada.
A oposição, no entanto, considera a medida uma manobra política para enfraquecer a disputa eleitoral e impedir que Thiam, uma figura popular e de projeção internacional, participe do pleito. Lideranças do partido prometeram intensificar as mobilizações e apelaram à comunidade internacional para que acompanhe de perto a situação.
A exclusão de Thiam do processo eleitoral reacende tensões em um país que enfrenta constantes desafios democráticos desde a crise pós-eleitoral de 2010-2011. Especialistas alertam que a instabilidade política pode afetar setores cruciais da economia marfinense, como a exportação de cacau — produto do qual o país é o maior produtor mundial.
Com as eleições se aproximando, cresce o temor de que os protestos se ampliem e evoluam para uma nova onda de instabilidade, com impactos sociais e econômicos ainda mais profundos.
Fonte: mercadodocacau