Por: Claudemir Zafalon
A instabilidade geopolítica entre Israel e Irã continua pressionando os mercados globais, com especial impacto sobre o petróleo, que segue volátil embora ainda sem atingir níveis de alarme. No entanto, o foco dos investidores nesta quarta-feira se desloca dos conflitos para os desdobramentos das reuniões monetárias nos Estados Unidos e no Brasil. O Federal Reserve (FED) e o Comitê de Política Monetária (COPOM) devem anunciar no fim do dia suas respectivas decisões sobre as taxas de juros, o que pode provocar fortes reações nos mercados de câmbio e commodities.
No mercado de cacau, o contrato mais negociado na ICE – setembro/2025 – encerrou o pregão anterior com nova baixa expressiva, refletindo o clima de cautela global. A commodity oscilou entre a mínima de US$ 9.113 e a máxima de US$ 9.449 por tonelada, encerrando a sessão cotada a US$ 9.138/ton, com recuo de US$ 121. O volume negociado foi de 8.914 contratos, em um total diário de 19.491 contratos, enquanto o interesse em aberto manteve sua tendência de retração, agora com 89.486 contratos – um sinal de saída de posições por parte de investidores diante do cenário de incerteza.
Outro fator que contribui para o enfraquecimento dos preços é a elevação contínua dos estoques certificados nos portos dos EUA, que agora somam 2.310.553 sacas, conforme monitoramento da ICE. O aumento nos estoques reforça a percepção de curto prazo de menor aperto na oferta física, mesmo em um contexto estrutural ainda deficitário.
No câmbio, o contrato de dólar futuro com vencimento em 30 de junho (julho) opera estável na casa dos R$ 5,52, ainda sob influência das expectativas em torno do FED e das tensões no Oriente Médio, que podem sustentar a valorização do dólar como ativo de segurança.
Ao longo da manhã, o mercado também deve reagir aos indicadores de início de construção de casas nos EUA, incluindo dados sobre novas permissões e pedidos de auxílio-desemprego, que oferecem pistas sobre a saúde da economia americana e a possível trajetória de juros futuros.
Com a esperada divulgação das decisões do FED e do COPOM no final do dia, o mercado adota postura defensiva, o que pode acentuar a volatilidade nas próximas sessões, especialmente para ativos sensíveis aos juros e ao dólar – como o cacau.
A combinação de tensões geopolíticas, movimentos macroeconômicos e fundamentos técnicos segue definindo o compasso do mercado de cacau, num ambiente onde incerteza e cautela são palavras de ordem.
Fonte: mercadodocacau