Durante a Revisão Interna do Instituto de Pesquisa do Cacau da Nigéria (CRIN), realizada em sua sede em Idi-Ayunre, no estado de Oyo, importantes lideranças do setor agrícola renovaram o apelo por mais investimentos em pesquisa e apoio direto aos produtores de cacau no país. O evento, realizado em junho de 2025, reuniu autoridades acadêmicas, representantes de associações, pesquisadores e empreendedores do setor.
O vice-reitor da Universidade Estadual de Taraba, professor Sunday Bako, destacou a urgência de um financiamento robusto para os institutos de pesquisa agrícola, como condição essencial para que a Nigéria alcance seu pleno potencial como potência cacaueira global.
“Temos a mão de obra. O que nos falta é financiamento adequado. Essa tem sido a ruína da nossa capacidade de produzir cacau de classe mundial”, declarou Bako. “Agora que os preços internacionais do cacau estão em alta, mais agricultores devem ser estimulados com políticas e crédito estruturado.”
CRIN defende fortalecimento da pesquisa como motor do crescimento
O diretor executivo do CRIN, Dr. Patrick Olusanmi Adebola, aproveitou seu discurso de abertura para reconhecer o papel dos agricultores na validação de tecnologias agrícolas e cobrou maior comprometimento do governo federal com o financiamento contínuo à pesquisa. Segundo ele, a falta de recursos vem limitando o alcance e a profundidade das investigações voltadas à produção de cacau e outras culturas comerciais, como café, chá, castanha-de-caju e noz-de-cola.
“Não podemos conduzir pesquisas em isolamento. Precisamos da colaboração ativa dos agricultores e do suporte governamental para transformar resultados científicos em impactos reais no campo”, reforçou Adebola.
Em sua apresentação com o tema “Avanços no Desenvolvimento Varietal de Cacau, Kola, Caju, Café e Chá para o Crescimento Econômico Sustentável”, o presidente da Associação de Produtores de Cacau da Nigéria, Adeola Adegoke, afirmou que o país já conta com avanços significativos, como híbridos resistentes a pragas, biofertilizantes de base natural e técnicas de micropropagação. Ele enfatizou, no entanto, que é preciso integrar essas soluções a plataformas digitais, blockchain e bancos de dados genéticos para que o país possa escalar sua produção com eficiência, garantir rastreabilidade e competir em mercados internacionais.
“Com dados confiáveis e tecnologias como blockchain, podemos eliminar intermediários, reduzir perdas, combater a corrupção e garantir preços justos aos agricultores. Além disso, o uso de ferramentas digitais amplia nosso acesso a novos mercados, como os de carbono, desde que operemos com responsabilidade ambiental desde o início”, explicou Adegoke.
A empresária e líder da Lingzin Global, Nanman Blessing Tangtu, encerrou as apresentações conclamando os jovens nigerianos a abraçarem o papel de protagonistas da transformação socioeconômica por meio do empreendedorismo.
“Os jovens não devem buscar empregos, mas criar empregos. É assim que poderemos posicionar a Nigéria entre as nações economicamente avançadas”, afirmou.
O evento do CRIN reforça uma mensagem clara: o futuro da cacauicultura nigeriana depende de uma aliança sólida entre ciência, políticas públicas e inovação rural. Diante da escalada dos preços globais e do crescente apetite por rastreabilidade e sustentabilidade nos mercados internacionais, a Nigéria tem a oportunidade de reposicionar sua cadeia do cacau — desde que os investimentos certos sejam feitos agora.
Fonte: mercadodocacau com informações guardian