Por: Claudemir Zafalon

Os contratos futuros de cacau operam com leve alta nesta sexta-feira, em movimento técnico de correção após a forte desvalorização registrada na sessão anterior. A recuperação ocorre em meio a um cenário global de demanda enfraquecida, refletido nos dados de moagem e no aumento dos estoques certificados.

Na quinta-feira, o contrato de setembro oscilou entre US$ 7.208 e US$ 7.500 por tonelada, encerrando o dia em US$ 7.309/ton, com expressiva queda de US$ 330. O volume negociado foi intenso, somando 44.152 contratos, enquanto o número de contratos em aberto subiu novamente, alcançando 98.283 — um sinal de que ainda há pressão vendedora no mercado.

O destaque negativo ficou por conta dos dados de moagem do segundo trimestre da América do Norte, divulgados na tarde de ontem, que totalizaram 101.865 toneladas, representando uma queda de 2,783% em relação ao mesmo período do ano passado. A retração confirma o impacto dos preços historicamente altos do cacau e das incertezas político-financeiras sobre a demanda global por derivados.

Além disso, tecnicamente, o contrato de setembro deixou um gap aberto em US$ 7.588, nível que pode atuar como resistência no curto prazo e, segundo analistas, tende a ser testado em eventual movimento de recuperação mais firme.

Outro sinal de enfraquecimento da demanda vem dos estoques certificados nos portos dos EUA, monitorados pela ICE, que seguem em tendência de alta e agora somam 2.346.466 sacas.

No câmbio, o contrato de dólar futuro com vencimento em 31 de julho está estável em R$ 5,56, oferecendo um ambiente neutro para os exportadores brasileiros de cacau.

Apesar da leve alta de hoje, o mercado permanece sob pressão estrutural. A combinação de oferta mais aliviada no médio prazo e retração no consumo continua a pesar sobre os preços, que acumulam queda significativa desde os picos históricos registrados no início do ano.

Fonte: mercadodocacau