Cacau tem nova alta com exportações mais lentas da Costa do Marfim e cobertura de vendidos por fundos

Os preços do cacau voltaram a subir com força ontem, segunda-feira (21), registrando a segunda sessão consecutiva de valorização. O contrato de setembro negociado na ICE de Nova York (CCU25) fechou em alta de 3,49%, ou +272 dólares, enquanto o cacau de Londres (CAU25) avançou 3,80%, ou +192 libras. Mesmo nesta terça-feira (22) de reversão de tendência, o cacau está segurando e tentando romper a área de resistência técnica entre 8250/8300.

O movimento de alta foi impulsionado, entre outros fatores, pelo ritmo mais lento das exportações da Costa do Marfim, maior produtora mundial da commodity. Dados divulgados pelo governo do país mostraram que os embarques entre 1º de outubro e 20 de julho somaram 1,74 milhão de toneladas, um crescimento de 6,1% em relação ao mesmo período do ciclo anterior — mas ainda bem abaixo do avanço acumulado de 35% observado em dezembro.

Além disso, traders destacam que o elevado volume de posições vendidas por fundos de commodities em Londres pode estar alimentando um movimento de cobertura, intensificando a pressão altista. De acordo com a ICE Futures Europe, os fundos ampliaram sua posição líquida vendida em 1.010 lotes, totalizando 6.361 contratos — o maior nível em mais de dois anos.

Pressão recente da demanda ainda preocupa

Apesar da reação positiva nos preços, o mercado ainda convive com uma perspectiva de enfraquecimento da demanda global. Na semana passada, o cacau de Nova York atingiu mínimas de oito meses e o de Londres recuou para o menor patamar em 17 meses, pressionados por dados de moagem abaixo do esperado.

Na Europa, as moagens do segundo trimestre caíram 7,2% na comparação anual, totalizando 331.762 toneladas, segundo a Associação Europeia de Cacau. Na Ásia, o recuo foi ainda mais acentuado, com queda de 16,3% e volume trimestral de 176.644 toneladas — o menor para esse período em oito anos. Na América do Norte, a queda foi mais moderada, de 2,8%, para 101.865 toneladas.

A fabricante suíça Barry Callebaut, uma das maiores do setor, também reforçou os sinais de fraqueza da demanda. A empresa revisou para baixo sua projeção de volume de vendas pela segunda vez em três meses, alertando para um declínio de 9,5% entre março e maio — sua pior queda trimestral em uma década.

Nos Estados Unidos, os estoques certificados de cacau monitorados pela ICE se mantêm elevados, em 2.346.466 sacas, pouco abaixo do pico de 10 meses registrado em junho (2.363.861 sacas), o que limita o ímpeto altista.

Por outro lado, Gana — segundo maior produtor mundial — projeta uma recuperação para 2025/26, com expectativa de produção de 650 mil toneladas, um aumento de 8,3% em relação ao ciclo anterior. O cenário, se confirmado, tende a exercer pressão de baixa sobre os preços a médio prazo.

Já a atual safra intermediária da Costa do Marfim continua gerando incertezas. Processadores locais têm relatado problemas de qualidade, com rejeição de caminhões cujos lotes contêm até 6% de grãos de baixa qualidade — frente a apenas 1% observado durante a safra principal. O Rabobank atribui o problema às chuvas fora de época, que afetaram o desenvolvimento dos frutos. A estimativa média para a safra intermediária deste ano é de 400 mil toneladas, uma queda de 9% em relação ao ano passado.

A Organização Internacional do Cacau (ICCO) revisou recentemente seu balanço para a safra 2023/24, projetando um déficit global de 494 mil toneladas — o maior em mais de seis décadas. A produção global caiu 13,1% no comparativo anual, para 4,38 milhões de toneladas. A relação estoque/moagem atingiu o menor nível em 46 anos, em 27%.

Para 2024/25, no entanto, a entidade prevê um superávit global de 142 mil toneladas, o primeiro em quatro anos, com aumento projetado de 7,8% na produção mundial, para 4,84 milhões de toneladas.

Fonte: mercadodocacau com informações barchart

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5 Comments

  1. CÉLIO LEANDRO DE CARVALHO disse:

    Temos um Projeto PRO CACAU , esse Projeto tem como fomento incentivar o pequeno, médio e grande produtor rural a cultivo o CACAU nos Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais , fornecendo mudas clonadas adquiridas do Viveiro Diva no Município de Linhares -ES. Acompanhamento em todo o processo de manejo e a comercialização das amêndoas. Nesse momento estamos contando com apoio de todos do setor! Onde o Mercado do Cacau poderia ajudar ?
    Cordialmente
    Célio Leandro

  2. Será que ainda o cacau vai atingir 60 reais o quilos agosto e setembro

  3. Maria das dores Henrique Gomes disse:

    Como produtora de cacau esperamos que vai ter Auta . pois a produção caiu muito

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