A fabricante suíça de chocolates premium Lindt & Sprüngli (LISN) surpreendeu positivamente o mercado ao elevar sua projeção de crescimento orgânico das vendas para 2025, impulsionada pela forte demanda na Europa, apesar do impacto da alta dos preços do cacau e da desaceleração nos volumes da América do Norte.
A companhia agora espera um crescimento orgânico entre 9% e 11% neste ano, acima da faixa anterior de 7% a 9%. No primeiro semestre, as vendas cresceram 11,2% organicamente, somando 2,35 bilhões de francos suíços (aproximadamente US$ 2,95 bilhões), superando as estimativas dos analistas, que projetavam 2,30 bilhões de francos.
No entanto, os investidores reagiram com cautela: as ações da Lindt recuaram 5% no início do pregão, caminhando para seu pior desempenho diário desde março de 2020. Segundo analistas da Baader Helvea, a reação negativa se deve à clara desaceleração nos volumes, especialmente nos Estados Unidos.
O desempenho da Lindt foi liderado pela Europa, onde o crescimento orgânico foi expressivo, atingindo 17,7% no primeiro semestre. Já na América do Norte, o ambiente de consumo mais fraco e o impacto de preços mais altos limitaram o avanço a apenas 3,6%.
A Lindt repassou ao consumidor um aumento médio de 15,8% nos preços de seus produtos no semestre, como forma de compensar os elevados custos com o cacau. Apesar da recente correção nos preços futuros em Londres (LCCc2), as cotações ainda se mantêm bem acima da média histórica, pressionando as margens da indústria.
O lucro operacional da empresa entre janeiro e junho totalizou 259,2 milhões de francos suíços, cerca de 4% abaixo das expectativas do mercado, refletindo o impacto dos custos altos de matéria-prima e dos volumes mais fracos na América do Norte.
A Lindt também permanece atenta ao cenário geopolítico e comercial. A empresa ainda avalia sua estratégia global de fornecimento diante das novas tarifas esperadas pelos EUA a partir de 1º de agosto. Atualmente, 95% dos produtos vendidos nos EUA são fabricados localmente em cinco plantas industriais. No entanto, menos da metade do que é comercializado no Canadá é produzido nos Estados Unidos.
Em março, a companhia havia indicado que planejava abastecer o mercado canadense com chocolates produzidos na Europa, como forma de evitar tarifas cruzadas. No entanto, a estratégia ainda está em revisão, devido às frequentes mudanças nas políticas tarifárias entre EUA e seus parceiros comerciais.