A Nestlé Índia reportou uma queda de 12% no lucro do primeiro trimestre fiscal, reflexo direto do aumento dos custos com matérias-primas e dos investimentos em expansão de capacidade, que pressionaram as margens operacionais da empresa. O resultado decepcionou o mercado e provocou uma queda de até 5,3% nas ações da companhia, que vinham acumulando valorização de 13% no ano.
O lucro líquido da subsidiária indiana da gigante suíça recuou para 6,59 bilhões de rúpias (US$ 76,4 milhões) no trimestre encerrado em 30 de junho, frente aos 7,47 bilhões de rúpias registrados no mesmo período do ano anterior. A receita operacional, por outro lado, avançou 6%, somando 50,96 bilhões de rúpias, impulsionada por uma recuperação da demanda nos centros urbanos.
“O trimestre foi impactado pelos altos preços de consumo em todo o portfólio de commodities”, afirmou Suresh Narayanan, presidente e diretor-geral da Nestlé Índia.
A empresa enfrenta pressão inflacionária em commodities essenciais, como cacau e leite, que são ingredientes-chave em produtos populares como KitKat, Cerelac e Milkmaid. Como resposta, a Nestlé Índia implementou aumentos seletivos de preços para preservar margens, mas esses ajustes acabaram afetando negativamente a demanda, especialmente na divisão de laticínios e nutrição, que representa mais de um terço do faturamento da companhia.
Além disso, as despesas totais aumentaram 9%, influenciadas também pelo plano de expansão da capacidade produtiva, que prevê um investimento total de 65 bilhões de rúpias entre 2020 e 2025.
Apesar do cenário desafiador, a empresa aponta sinais positivos: a demanda urbana está em recuperação e os preços do leite devem cair nos próximos trimestres, o que pode aliviar parcialmente os custos. Já os preços do café devem permanecer estáveis e baixos, segundo a companhia.
No mesmo dia da divulgação dos resultados indianos, a controladora Nestlé S.A. reportou um crescimento orgânico de vendas acima do esperado no primeiro semestre global, reforçando a resiliência da marca em um ambiente de volatilidade e inflação persistente no setor alimentício.