As entregas de cacau de Gana aos armazéns em agosto mais que quadruplicaram em relação ao mesmo período do ano passado, alcançando 50.440 toneladas nas quatro semanas encerradas em 4 de setembro, contra apenas 11.000 toneladas em 2024. O início antecipado da temporada, dois meses antes do habitual, proporcionou liquidez imediata aos agricultores e ampliou a oferta disponível, contribuindo para a recente queda dos preços internacionais.
A decisão de iniciar a temporada em agosto atendeu à pressão dos produtores, que buscavam maior previsibilidade nos preços. O governo estabeleceu um reajuste de 4,2% no valor pago ao produtor, fixando a saca de 64 quilos em 3.228,75 cedis (US$ 261).
O novo patamar tem como objetivo reduzir o contrabando de grãos para países vizinhos, onde os preços ainda são mais altos. Ao mesmo tempo, o mecanismo de financiamento com a participação de exportadores tem reforçado o controle e a rastreabilidade da produção, segundo fontes ligadas ao setor.
Após anos de colheitas frustradas na África Ocidental, que levaram a uma escassez global e impulsionaram os futuros de Nova York a níveis recordes, o aumento da oferta em Gana gera expectativa de maior equilíbrio no curto prazo. Analistas projetam até um pequeno superávit para a safra 2024/25, embora os preços ainda se mantenham muito acima das médias históricas.
A maior parte do cacau recebido nos armazéns será destinada à exportação, enquanto uma fração menor seguirá para processadores locais. O país prevê uma colheita de 650.000 toneladas na safra 2025/26, acima das 600.000 toneladas do ciclo anterior.
A movimentação de Gana ocorre em paralelo à expectativa na Costa do Marfim, maior produtor mundial, que deve anunciar em 1º de outubro um aumento no preço ao produtor. A dinâmica entre os dois países é determinante para o rumo do mercado, já que juntos respondem por mais de 60% da oferta global.
Com entregas aceleradas, preços domésticos reajustados e maior controle sobre o fluxo de grãos, Gana sinaliza um esforço para estabilizar sua produção e reduzir perdas por contrabando, ao mesmo tempo em que adiciona pressão sobre um mercado internacional ainda altamente volátil.
Fonte: mercadodocacau com informações bloomberg