Cargill amplia portfólio com chocolate com selo sustentável

 Um chocolate com selo de sustentabilidade acaba de engordar o portfólio da Cargill. O produto chega às gôndolas do Sam’s Club, clube de compras da rede Walmart, escolhido para o lançamento, no dia 24.

É o primeiro chocolate no país que recebe o selo da UTZ Certified, um programa mundial para cultivo sustentável e melhor qualidade de vida no campo, implantado em 500 mil hectares em diferentes países do mundo, que abrange café, cacau e chá, conta seu representante no Brasil, Eduardo Sampaio.

Até as novas barras – que se destinam à fabricação de ovos de Páscoa, trufas e outros doces – chegarem ao mercado foram dois anos de trabalho. Para receber a certificação, toda a cadeia de produção precisou ser adequada aos padrões estabelecidos pela UTZ, a começar pelos produtores de cacau, conta Miguel Sieh, líder da unidade de negócio cacau e chocolate da Cargill no Brasil.

Hoje 34 fazendas estão certificadas. Em 2013, quando o programa para a sustentabilidade começou, eram quatro. Até maio, fim do ano fiscal para a Cargill, a expectativa é ter 40 unidade com selo UTZ e capacidade de produzir 1,2 mil toneladas por ano. Para 2015, o plano é somar 70 propriedades que gerem 2 mil toneladas ao ano, quantidade modesta frente às 240 mil toneladas processadas anualmente no país.

O salto de quatro para 40 fazendas certificadas em dois anos, segundo Sieh, dá uma ideia das perspectivas positivas para o produto, tanto entre os fazendeiros quanto no mercado consumidor. Hoje a produtividade média no Sul da Bahia, em uma fazenda típica, está em torno de 300 a 350 kg por hectare. Com práticas de manuseio melhoradas, sementes de qualidade resistentes a pragas, uso técnico de fertilizantes e defensivos – requisitos para a certificação -, é possível duplicar ou triplicar essa produtividade. E o preço pago ao produtor também sobre. O prêmio, diz Sieh, fica em torno de 5%.

A maior demanda por cacau sustentável é percebida também no Imaflora – Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola, que fez em 2004 a primeira certificação Rainforest Alliance Certified (RAC) para o cacau no Brasil, para um grupo de produtores familiares, em Ituberá, Sul da Bahia. Hoje são 25 propriedades, todas na mesma região, com produção anual de mil toneladas de amêndoas, segundo Eduardo Trevisan Gonçalves, secretário-executivo adjunto da entidade.

A busca de certificação da UTZ é parte do Cargill Cocoa Promise, uma iniciativa mundial que inclui clientes, governos e organizações de produtores para aumentar a qualidade de vida no campo por meio de práticas sustentáveis que promovam a produtividade no cultivo de cacau. Para esse programa, que tem mais três frentes de atuação, a empresa destina investimentos de US$ 500 mil ao ano no Brasil.

O lançamento do chocolate certificado em pequeno volume – três toneladas em um total de 20,2 mil que devem ser vendidas no período de Páscoa -, é uma aposta no futuro, até porque, para este ano, as perspectivas de desempenho frente à conjuntura econômica não são das mais otimistas. "É um mercado sensível ao ambiente econômico, em momentos de prosperidade e crescimento o consumo tende a aumentar e a contrapartida é igual", diz Sieh.

As vendas de ingredientes para biscoitos e achocolatados não devem sofrer muito e podem "até ter um leve crescimento", mas os ingredientes utilizados apenas para chocolate, produtos mais caros, são mais sensíveis. "Se combinar o efeito câmbio ao da bolsa de commodities [o preço do cacau subiu 37,4% nos últimos 24 meses], o impacto é maior", explica Eliana Ronchel Ianes, gerente comercial da unidade de cacau e chocolate. Para uma indústria que de 2007 a 2014 cresceu quase 50% é um resultado impactante, diz Sieh.

A Cargill estima ter participação de um terço no mercado de chocolate do país. A empresa fornece o produto em várias versões para a indústria alimentícia e para confeitarias, restaurantes e donos de pequenos negócios.

Segundo a Associação Brasileira de Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) de janeiro a setembro de 2014, a produção de chocolates teve queda de 2% em relação ao mesmo período de 2013, para 384 mil toneladas/ano.

A área de chocolate, afirma o executivo, responde por aproximadamente 5% dos negócios da Cargill no país. No último ano fiscal, o faturamento da multinacional no país ficou em torno de R$24 bilhões, no mundo o negócio movimentou US$ 134 bilhões (R$ 315,6 bilhões pela média de 2014).

Curtiu esse post? Compartilhe com os amigos!

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *