Um estudo realizado pela Embrapa levantou os locais mais suscetíveis à entrada de pragas agropecuárias não presentes no Brasil. Chamadas de quarentenárias, essas pragas ameaçam à economia agrícola do País, por isso, evitar sua chegada ou controlar sua proliferação é fundamental para o setor. O trânsito de navios, aviões, trens, carros ou caminhões; produtos de origem animal ou vegetal, pessoas e até mesmo correntes de vento podem ser vetores dessas pragas.
Para elaborar o mapa das principais vias de ingresso, os especialistas levaram em consideração dez pragas, entre cerca de 150 espécies quarentenárias já presentes em pelo menos um país da América do Sul. São elas: Pulgão da soja, Necrose letal do milho, Monilíase do cacaueiro, Amarelecimento letal do coqueiro, Striga, Ferrugem do trigo, Mosaico africano da mandioca, Ácaro chileno das fruteiras, Xanthomonas do arroz e Mosca branca "raca Q".
A seleção baseou-se na proximidade geográfica e na importância econômica das culturas que podem ser atacadas, e havia sido feita em trabalhos anteriores por Unidades da Embrapa em parceria com a Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária (SBDA).
O trabalho da Embrapa Gestão Territorial em Campinas (SP) cruzou informações como a localização das principais culturas-alvo das pragas, das vias de ingresso internacionais, como portos, aeroportos e fronteira seca e dos postos de controle da Vigilância Agropecuária Internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Vigiagro/Mapa). O resultado foi um mapa no qual podem ser identificadas as áreas críticas para o ingresso de pragas e que exigirão mais atenção dos órgãos de defesa federal, estaduais e municipais.
Um exemplo é o município Barreiras no oeste da Bahia, a região tem forte concentração de culturas sujeitas às pragas quarentenárias e possui um aeroporto, portanto, é considerada uma área de alto risco para entrada dessas pragas, segundo o pesquisador Claudio Spadotto, gerente geral da Embrapa Gestão Territorial e coordenador do estudo. Não por acaso, o oeste baiano foi uma das primeiras regiões do País afetadas pela lagarta Helicoverpa armigera, detectada oficialmente em 2013 e que causa prejuízos a várias culturas.
Situação semelhante ocorre na região centro-sul do Pará, que possui grande produção de algumas culturas que podem ser afetadas pelas pragas e, apesar de estar longe da fronteira, possui aeroportos domésticos próximos, o que a torna outra área merecedora de atenção. "O Ministério da Agricultura está presente em todos os aeroportos internacionais do Brasil, no caso de aeroportos domésticos é necessária a ação das vigilâncias estaduais ou municipais para conter essas ameaças", esclarece o coordenador da Vigiagro, Marcos Barros Valadão.
Grandes produções próximas a interseções de rodovias, hidrovias ou ferrovias, na fronteira com países vizinhos e sem postos de controle da Vigiagro também são catalogadas entre os pontos mais suscetíveis a entrada de pragas quarentenárias. É o caso de um longo trecho da fronteira entre a Bolívia e o Estado do Mato Grosso. Fonte: Embrapa Meio Ambiente