O salário mínimo em 2014, que era de R$ 724,00, foi reajustado em 8,84% passando para R$ 788,00 desde o dia 1º de janeiro. Um relatório divulgado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) indica que, considerando o Custo Operacional Efetivo (COE) em dezembro de 2014 para a espécie arábica, o reajuste salarial de 2015 gerou um aumento médio de 3,15% no COE.
A influência deste reajuste, entretanto, variou de acordo com o tipo de produção empregado no processo produtivo. Em regiões cujo processo ocorre de maneira manual, o aumento no custo foi de 4,81% em média. A maior variação no COE, entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015, ocorreu em Manhumirim (MG), uma elevação de 5,35% nos custos. Já nas regiões onde a produção é mecanizada, o aumento no COE causado pelos salários foi de 1,84%, em média.
Para o conilon, o custo também foi influenciado pelo reajuste salarial, visto que a produção ainda é pouco mecanizada quando comparada à espécie arábica. O aumento no COE de dezembro de 2014 devido ao reajuste foi de 4,53%. No município de Jaguaré (ES), o COE ficou 4,59% maior.
A redução da produção de arábica estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2013/2014 não foi considerada nos custos de dezembro de 2014. Desta forma, o aumento no COE apresentado nesta análise considera uma produção plena, demonstrando a influência direta do reajuste salarial nos custos do processo produtivo ao considerar a tecnologia utilizada em cada região ao longo do ano agrícola passado.
Os custos com fertilizantes foram os principais responsáveis pelas variações no COT em todas as regiões cafeeiras no segundo semestre de 2014. Luís Eduardo Magalhães registrou o maior aumento nestes custos (36,22%), seguido de Brejetuba (ES) (24,03%) e Santa Rita do Sapucaí (MG) (9,82%). Já as maiores reduções nestes custos foram observadas em Franca (SP) (10,36%), Guaxupé (MG) (5,56%) e Monte Carmelo/MG (5,31%). Nestas regiões, há grande atuação de cooperativas agropecuárias.
Os custos com mecanização também aumentaram no final do segundo semestre, ficando em média 1,79% maiores nas regiões produtoras de arábica, e 2,05% maiores nas regiões produtoras de conilon. Já os custos com corretivos e defensivos agrícolas na produção de arábica reduziram.
A intempérie ocorrida em 2014 no principal cinturão cafeeiro do Brasil reverteu a tendência de queda nos preços do café, que vinha acompanhado do aumento da produção mundial nas safras anteriores. A valorização do arábica no mercado interno, entre janeiro e dezembro do ano passado, foi de 70,37%, considerando o preço pago ao cafeicultor nas principais regiões produtoras do país. O aumento mais expressivo foi observado em Monte Carmelo (MG), onde o café comercializado a R$ 265,50/saca em janeiro do ano passado, chegou a R$ 483,00/saca em dezembro, uma valorização de 81,92%.
O preço pago pelo conilon também subiu. Ao longo de 2014, houve uma valorização média de 15,89%. Em janeiro do ano passado, o produtor de Itabela (BA) recebia R$ 213,20/saca, e em dezembro passou a receber R$ 259,45/saca, aumento de 21,69%. Em Jaguaré (ES), o café foi comercializado por R$ 257,00/saca, em dezembro de 2014, e em Cacoal (RO) por R$ 225,00/saca. Estes valores são 16,82% e 7,14% maiores aos praticados em janeiro do ano passado.
O cenário de preços para 2015 ainda é incerto, devido às diferentes perspectivas sobre a safra 2014/2015 e a possibilidade de novas interferências meteorológicas. Além disto, a produção colombiana voltou a crescer e, na América Central, o parque cafeeiro atingido pela ferrugem está se recuperando. A gestão de riscos, portanto, se torna ainda mais importante nesta safra, onde o cafeicultor pode se resguardar contra eventuais quedas nos preços ao longo do ano. Fonte: Canal Rural