O pesquisador Felipe Vinecky descobriu, juntamente com a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e a Universidade de Brasília (UNB), um fragmento de proteína do café que tem efeito similar ao da morfina.
Na pesquisa para sua tese de doutorado, Vinecky descobriu um peptídeo (compostos constituídos de aminoácidos e produzidos sinteticamente ou formados por hidrólise de proteína) com atividade analgésica a ansiolítica. O pedido de patente de sete peptídeos identificados no estudo foi encaminhado ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) em 18 de agosto de 2014, sob o título "Peptídeos opióides".
A descoberta surgiu por acaso: o pesquisador buscava uma molécula que melhorasse o desenvolvimento dos grãos de café. Ele e seu coordenador, Carlos Bloch, observaram que algumas substâncias continham fragmentos internos com estruturas semelhantes à de sustâncias humanas como, por exemplo, a encefalina. Decidiram sintetizar substâncias com estrutura análoga para avaliar experimentalmente suas funções biológicas e efeitos fisiológicos em mamíferos.
Da mesma forma, um concentrado protéico presente no endosperma (maior parte da semente) do café foi submetido à digestão enzimática in vitro para simular o processo digestivo em humanos e, assim, deduzir como poderia ser o processo real de biodisponibilização e atividade final dessas moléculas dentro do organismo.
Após esse processo, testaram a substância em camundongos. Os pesquisadores comprovaram efeitos similares ao da morfina e ainda verificaram que proteína aumentava em até quatro horas a ação da molécula, além de não apresentar efeitos colaterais que merecessem registro.
Uso
Os peptídeos podem ser aproveitados nas indústrias alimentícia. As características funcionais similares a atividades ansiolíticas e de aumento da saciedade podem ser de interesse nutricional e animal, contribuindo para o manejo animal humanitário aplicável à pecuária de corte, especialmente para atenuar o estresse prévio ao abate. Fonte: Globo Rural