NÓS CRESCEMOS COM O BEAN TO BAR?

Opa! E como!! Em todos os sentidos.

Primeiro em filosofia de vida. Saber que um dos alimentos recreativos mais desejados pelo ser humano em todos os tempos de sua existência, pode também ser benéfico à saúde traz um imenso adendo ao desejo de melhorar o que levamos pra dentro do nosso corpo. Essa procura por alimentos menos processados, mais puros e ricos em nutrientes, mais rastreáveis e próximos da sua casa, já deixou de ser apenas uma tendência e virou movimento natural. Sem volta. Faz parte de um caminho de purificação do corpo pra a melhora do espírito, assim como a disseminação daquilo o que realmente vale a pena. Esse, na minha opinião, é o maior dos ganhos, dos desenvolvimentos, do crescimento do homem atual. E se temos empresas que proporcionam isso, estamos crescendo.

Crescemos também em conceito de modelos de negócio. A gestão dos empreendimentos de Chocolate Bean to Bar é macro. Nunca foi apenas focada em vender produtos de chocolate e lucrar com isso. Faz parte, claro, mas quanto mais eu ando nesse meio, mais entendo o quão importante é entrar, entender, viver, traduzir e, por fim, “vender” sustentabilidade. Palavrinha da moda essa, não? Mas é ela mesma que a gente tem que usar pra descrever o que fazemos. O Chocolate Bean to Bar já nasceu e cresceu dentro dessa ideia moderna de mundo onde o lucro é uma consequência, mas a briga mesmo, é por deixar o planeta mais puro, com matas em pé, com terras mais férteis e águas mais limpas. É transparecer o quê, como, porquê e com quem compramos insumos, negociamos produtos, exportamos, trocamos e doamos. É respeitar, tratar com justiça plena,VALORIZAR trazer à frente do palco TODOS os atores da cadeia produtiva. Sim, até aquele Seu José da Silva que ninguém vê ou conhece, o que limpa a roça, quebra o cacau, carrega os sacos pesados, lava as panelas, varre o chão das fábricas e leva o lixo pra fora. Ele mesmo, ele que muitas vezes não sabe ler ou escrever e, ainda pior, não sabe sua importância no mundo. A gente mostra a ele. A gente leva chocolate pra eles degustarem, a gente faz questão de aculturar, de favorecer. A gente faz eles entenderem e valorizarem seus papeis na produção daquela barra. Isso é comum no Bean to Bar.

E o crescimento das empresas individuais? Acontece sem prejuízos ao conceito? Bem, a expressão “Bean to Bar” significa do grão à barra e sugere um processo puramente artesanal. No Brasil, o termo “artesanal” tem sido marginalizado. Os artistas do artesanato que, diga-se de passagem, trazem uma riqueza cultural inestimável a esse país, viraram carne de vaca nas feirinhas das praças e caíram no ostracismo. Nos Estados Unidos, o pessoal do Bean to Bar, ou também conhecido por lá como “Craft Chocolate”, se auto intitula de “Indsutry”. Ou seja, a “indústria do chocolate artesanal”. Isso quer dizer que todo mundo pensa grande. Expandir a empresa, espalhar o conceito do melhor chocolate do mundo é parte do plano de negócios desde o nascimento. Ninguém brinca por lá. Porém, por aqui, apesar de 95% das empresas serem de pequeno porte, o que tenho visto não está muito diferente, guardadas as devidas proporções quando se trata da riqueza do país como organização institucional. Aqui tenho notado frequentemente um grande denominador comum quando discutimos crescimento. Seja no sentido da correção de procedimentos (burocráticos, sanitários etc), do empreendedorismo, ou do investimento de trabalho e tempo além do financeiro, a palavra de ordem é profissionalismo e principalmente quando se trata de mulheres na cabeça dos negócios.

Deixamos de ser ‘artesanais’ no sentido piegas, para sermos empreendedores do processo artesanal de fazer chocolate, com modelos modernos de negócio, gestão afiada e focada na sustentabilidade social, econômica e ambiental.

Mas existe crescer o volume de produção no mundo artesanal? Não vamos deixar de ser artesanais pra ser industriais? Olha, gente, volume sem qualidade e sem a essência do conceito, só depende da pressa do empreendedor. E aqui dentro do nosso business, aquela frase bem famosa “a pressa passa, a titica fica” vale quanto pesa. Se você quiser correr pra crescer sem prestar atenção no caminho, você vai perder a essência sim e o seu produto vai ser mais um na gôndola dos grandes supermercados. Gosto muito de citar a empresa Dandelion (California, EUA) no exemplo desse crescimento e da postura do empreendedor mediante a ele. A Dandelion produz hoje cerca de 120 toneladas de chocolate por ano. É muita coisa… Mas o que eles fizeram pra manter a essência do processo? Simples, designaram UM chocolate maker, apenas e somente UM responsável, para “tomar conta” de cada lote de chocolate. Essa pessoa desenvolve o perfil de torra específico para aquele lote de cacau, testa e determina o tempo adequado de refino (que ainda é feito em moinhos de pedra), acompanha a temperagem e moldagem e no final, ASSINA a barra de chocolate. Sim, quando você compra uma barra da Dandelion, o nome do chocolate maker que fez tudo isso, está lá! Claro que pra o cacau chegar até as fábricas deles (São Francisco – 2 endereços -, Las Vegas e Tokio) o Greg D’Alesandre, comprador de cacau da empresa, já foi PESSOALMENTE nas origens para pesquisa-las e manter a relação próxima com cada produtor. Ah, e ele também já passa o report de toda a transação de compra e venda dessa preciosa matéria prima pra que ela seja postada no site da empresa. Tem transparência maior?? Sabemos disso porque já vendemos cacau para eles e tudo o que descrevo aqui, é real. O Greg se tornou um grande amigo e nós conhecemos, lá em São Francisco, a Renee Parker, chocolate maker que desenvolveu e assina a barra Origem Vale Potumuju nossa fazenda, a primeira origem brasileira deles.

Para determinar UM responsável por cada lote em 120 toneladas anuais, é necessário um grande fôlego financeiro, principalmente aqui no Brasil onde os encargos trabalhistas seriam insanos. Mas é aí que avalizo a minha declaração anterior de que os atores são respeitados e valorizados acima de lucros exorbitantes de empresas multinacionais bilionárias.

Há outra forma de crescer sem perder a essência do conceito Bean to Bar mas também mantendo o tamanho de pequena empresa: são os grandes negócios. Nessa categoria de crescimento, “a pressa é MUITO inimiga da perfeição”.

Ora, sabemos que o Bean to Bar já virou modinha. Temos visto inúmeras pequenas marcas pipocando a cada dia no mercado e a concorrência está ficando braba. Ainda não deu nem tempo de o público entender o que é o bean to bar e já temos mais marcas do que o varejo consegue absorver. Além disso, tanto a indústria como uma nova leva de marcas de “chocolates saudáveis” já atentou pra a “sustentabilidade” como instrumento solido de marketing e começou a confundir ainda mais o nosso ainda jovem consumidor em suas ações de venda. O que a gente faz?

É… Agora Tanto “a pressa passa, a titica fica” como “a pressa é inimiga da perfeição” são a lei por aqui. O crescimento da marca de chocolate bean to bar tem que ser orgânica. Little by little. Muita sede ao pote atrapalha a não ser que você seja um super empresário nato. Nesse tempo a construção da sua imagem é importantíssima e o uso consciente e programado das mídias sociais é muito essencial para esse fim. Mas o que mais vai te ajudar a crescer é a busca meio que obsecada pela QUALIDADE. Qualidade de cacau, qualidade de chocolate, qualidade de ingredientes, claro. Mas também qualidade de maquinário, de espaço físico, de utensílios, de pessoal, de embalagens, de gerência administrativa, de tratamento com o cliente, de comunicação da empresa, de limpeza e higiene e, por fim, da verdade construída através de tudo isso. No Bean to Bar, não dá pra mentir! Não dá pra enganar! Não tem como usar “colóquios frágeis para acalentar bovinos” (conversa mole pra boi dormir… 🙂 A verdade é parte insubstituível do negócio. Se você quer mentir, melhor escolher outro business.

Bem, com tudo isso construído, o valor do seu produto sempre será “outro”, BEM DIFERENTE da média do mercado. E se você conseguir PELO MENOS manter a qualidade, quando não aumentar, esse valor sobe, sobe e só sobe. E você cresceu, sem aumentar o volume. É… Essa é a forma mais difícil de crescer, mas, ao meu ver, a mais sólida.

A vida é feita de escolhas. Cada chocolate maker tem que fazer a sua na hora de crescer e cada consumidor deve procurar entender o caminho das marcas para consumir o que mais lhe interessa. De uma forma ou de outra, vamos espalhar Bean to Bar por esse mundo a fora! Isso sim é o que vale a pena.

Juliana Aquino

Vale Potumuju

Baianí Chocolates

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