A economia brasileira encerrou 2014 com crescimento próximo de zero. Mesmo assim, o governo precisou subir a taxa básica de juros diante de uma inflação que se manteve alta ao longo dos últimos meses. O dólar, que iniciou o ano cotado em R$ 2,42, encerrou o ano em uma das mais altas cotações dos últimos nove anos.
O ritmo de crescimento da economia brasileira em 2014 foi lento. O fraco desempenho de alguns setores da economia não inibiu a trajetória de alta da inflação, que encerrou o ano acima da meta de 4,5% estabelecida pelo governo federal. No acumulado de 12 meses, a inflação oficial apontada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 6,56%. Diante da situação, o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu elevar a taxa básica de juros, que foi reajustada para 11,75% – o maior juro em três anos.
Para especialistas, com juros mais altos, o crédito em 2015 deve ficar mais caro.
– Há necessidade de ajustes dos juros via BNDES e bancos públicos, esperamos que as taxas de juros sejam elevadas ao longo dos próximos meses. Vai ficar mais caro a princípio, mas o governo pode tentar não prejudicar alguns setores. Em linhas gerais, a gente espera que os juros subam devido aos ajustes que são necessários – reflete o economista Silvio Campos.
No mercado de câmbio, o dólar foi uma das grandes mudanças no cenário econômico. Em janeiro de 2014, a moeda americana estava cotada em R$ 2,42. Em junho caiu para R$ 2,20 e a partir de setembro iniciou a trajetória de forte alta. Em dezembro, alcançou sua maior cotação, chegando a R$ 2,70. O ano encerrou com valorização de 13% para o dólar frente ao real. A moeda americana está em um dos mais altos patamares em quase dez anos e as previsões apontam para mais valorização em 2015.
– Eu estou com R$ 2,80 em função do que acredito, que a presidente do banco central dos Estados Unidos (FED) vai fazer a economia americana dar sinais de melhora – aposta André Perfeito, também economista.
Já Campos projeta o câmbio em R$ 2,79 ao fim de 2015.
– Mas é um cenário de muitas incertezas, aqui e no exterior. O dólar tende a reforçar no mundo todo – diz Campos.
Para ambos, 2015 vai ser um ano de desafios na economia brasileira.
– De um lado, perspectiva de melhora para investimentos e não consumo das famílias, e o risco da Petrobras, que vai depender da Lava-Jato. Temos que aguardar, vai ser um ano animado – afirma Perfeito.
Mesmo diante de todos os desafios, o agronegócio brasileiro se manteve na dianteira do crescimento registrado pelo país. Segundo dados do Ministério da Agricultura (Mapa), o PIB da agropecuária deve superar R$ 1 trilhão em 2014, mostrando que houve avanço na produção agropecuária e nos setores de fertilizantes, defensivos e máquinas, na contramão do que foi registrado em outras áreas da economia brasileira.
– Que empresas e famílias percebam piora, ou o momento mais difícil. Tem que ter tranquilidade para assumir menos riscos, e a partir de 2016 a situação melhora – orienta Campos. Fonte: Canal Rural