“A casa da Vovó” do cacauicultor

 Juro que gostaria de iniciar o ano aqui nessa coluna do Mercado do Cacau com um artigo que fosse muito interessante, mas, do tipo light, comentando apenas coisas boas do momento, tipo cacau fino, quiçá falar sobre aquela nova bebida destilada feita do cacau, o Solbeso a qual ainda não experimentei, falar do clima bom, preço promissor ou coisa parecida, principalmente agora, no inicio de mais um ano, nesse verão gostoso, onde a cervejinha a beira mar acompanhada de um peixinho frito e regada a um boa conversa, sobre assuntos leves e variados seria a  grande pedida. Porém, foi justamente indo de Itabuna para Ilhéus junto à família, para relaxar e pegar uma praia, que tive um sentimento muito ruim, quando passei frente à CEPLAC, na área onde fica o CEPEC; recebi naquele momento uma carga negativa pesada; em segundos um "ziriguidun" envolveu minha mente, numa retrospectiva dos últimos 26 anos e, como passou muita coisa ao mesmo tempo em minha cabeça, acredito que os neurônios giraram em alta velocidade, me fazendo medo de da uma pane mental, muito pior, medo de não dar tempo criar meus filhos menores ao menos até a maioridade.

 

Saber que aquilo ali continua existindo à custa do produtor e ainda por cima, assistindo depois, a aquela reportagem ridícula onde a Globo diz que vai faltar cacau, usando o cacau como marketing de forma negativa, usando de má fé, numa reportagem que mais parece ser comprada, para que o já cambaleado o cacauicultor brasileiro corra por cima de pau e pedra para plantar cacau e assim manter as indústrias abastecidas com produto barato, não acredito nisso, penso que devemos apenas replantar falhas, cuidar do que temos em cacau e buscar outras alternativas de vida, para não "depositar os ovos em uma só cesta". Imagino que querem mais uma vez se dar bem às nossas custas, para além de favorecer as indústrias, com muito suor nosso derramado, continuarmos mantendo em pé a CEPLAC, aquele "elefante branco", como se ela fosse a base, o alicerce imprescindível da cultura do cacau, como quisessem impor na mente de todos, que cacau para sobreviver depende da CEPLAC e dos ceplaqueanos. Mas, muito pior, é a forma sonsa e cínica como agem que da náuseas, nojo e agonia; nunca falam que a entrada da doença VB na Bahia foi criminosa, ato terrorista, agem como se nada de ruim na CEPLAC contra o cacauicultor nunca tivesse acontecido ali, por erro técnico, descuido ou mesmo por incapacidade, muito menos que fosse por erro maliciado, tramado ali naquela casa, onde segundo próprio réu confesso, foi ali mesmo, dentro daquela instituição, que aconteceu, dentre outros males contra o cacau, uma ação terrorista movida por um ideal político inconsequente, usando método brutal, bárbaro e covarde, o qual impactou diretamente a produção do cacau brasileiro, derrubando-a de 400 mil toneladas/ano, para 96 mil toneladas/ano, impactando também diretamente três milhões de habitantes do sul da Bahia, um impacto sócio econômico e ambiental gigantesco, causando em poucos  anos o desemprego de 250 mil homens de mão especializada em cacau, que foram "jogados" nas periferias das cidades da região, que junto a mulher e filhos somam-se aproximadamente um milhão de pessoas vivendo sem assistência governamental em estado de miséria, transformando essa ex-pacata  região Sul da Bahia em uma das mais violentas do Brasil, levando cidades como Itabuna a ser considerada por vezes a cidade mais violenta do nosso país, para jovens de 15 a 29 anos (os filhos e netos da VB, vítimas e criminosos), ano passado, Itabuna ficou em 6º lugar no ranking nacional da violência, com aproximadamente 150 assassinatos. As manchetes dos jornais e blogs dessa região pingam sangue dos nossos jovens diariamente.

 

Marketing falso pra cima de "muá", que conheço bem a história daquele elefantão branco, o qual mesmo com receita milionária anual paga pelo inocente contribuinte não tem nenhuma pesquisa relevante que seja reconhecida do mundo científico, que "jogou nos peitos" dos produtores um montão de clones improdutivos e vassoureiros, garantindo produção de 100@ P/ha o que nunca aconteceu nem aconteceria, pois, eles próprios já sabiam que tal façanha nunca seria possível naqueles moldes, já que tinham conhecimentos técnicos experimentais, conforme documentos levantados, fazendo o cacauicultor perder tempo, dinheiro e saúde a troco de nada, apenas para manter a maioria dos agrônomos e técnicos sugadores, sanguessugas, (com algumas valiosas exceções de bons profissionais que ali trabalham honestamente, pouquíssimos), principalmente em se falando dos últimos 26 anos de desprestígio dessa instituição, eu, que entrei ali muitas vezes acompanhando o pesquisador de história regional Dílson Araújo, buscando material de pesquisas para o documentário O NÓ, em busca de documentos, entrevistando os dirigentes e outros profissionais da casa, fazendo vir à tona muitas mazelas, entre elas, a comprovação com documentamos, de que a CEPLAC enviou um falso relatório para o Procurador Federal Dr. Ronaldo Marques de Araújo, o qual foi designado para presidir a Sindicância sobre o terrorismo biológico feito pelo MAPA. Procurador esse citado, o qual fez um excelente trabalho até mais detalhado que o relatório conclusivo da Polícia Federal pois, além de, indiciar cinco suspeitos, incluiu mais dois, por retenção de documentos e deu nome a "todos os bois", o qual também, inclusive sofreu atentado em Salvador no escritório da CEPLAC na Vitória.

 

Não só isso, seguindo viagem para Ilhéus, lembrei-me de, muito mais coisas podres que nem valem a pena relembrar, minha mulher, que me acompanha nessa "vida louca" do cacau ha 19 anos, recordou que certo dia quase virei "picadinho" dentro da CEPLAC, na área do estacionamento do auditório do CEPEC, na data de  comemoração do dia do cacau, eu estava protestando com faixas, quando um funcionário da casa,  mandou que eu saísse daquele local, quando insisti em ficar, ele saiu e voltou com três rapazes fortes, um deles trajando capote jeans insinuando está armado tentando me amedrontar; quando peguei a madeira da faixa para reagir caso viessem me machucar desistiram; mas, acho que só não me bateram porque minha mulher estava filmando, além de Dílson Araújo que meu filho chamou no auditório e que também filmou a tal situação.

 

Infelizmente não aguento ficar calado diante do que ainda acontece com o cacauicultor e com a população letárgica dessa região, a qual também ainda continua seriamente vitimada pelo crime da VB. Alguém tem que parar essa pouca vergonha, o cacauicultor tem que ser reconhecido como vítima e deve ser ressarcido ao menos em parte do prejuízo, já que vidas não tem preço; não tem o menor sentido o cacauicultor continuar falido devido ao crime da VB, enquanto essa instituição consome milhões anualmente, fala-se em R$ 400.000.000,00, o que daria para pagar tal falso débito do cacau mais de 10 vezes após o crime da VB, em valores atuais. É muita sacanagem castigar tanto um inocente, é de um sadismo extremo, é como um inocente estar numa cadeia preso ha 26 anos, por um crime que não cometeu e ainda ficar sem direito nem a banho de sol e muito mais. Parte da CEPLAC provavelmente é uma facção que faz  parte do aparelhamento governamental, que tem o papel de levar a cacauicultura a caminho do comunismo, sistema que o PT tenta implantar "guela" abaixo de todos nos nesse país e, para isso, a CEPLAC esta imbuída em ser assistencial aos minis e pequenos cacauicultores do Pará, com a finalidade de transforma-los em "gado ferrado do PT", não podendo tais produtores passarem de pequenos, para não perderem as benesses do governo "piedoso", que dará sempre "perdão" a pequenos débitos, afim de encabrestar o voto do inocente produtor paraense para seduzi-lo e transforma-lo de forma inconsciente em "bucha de canhão", futuro soldado involuntário de um país comunista. Esse movimento quase repentino no Pará me remete a pensar o seguinte: Como a CEPLAC devido ao crime da VB aqui na região, ficou mais suja que pau de galinheiro, então, eles "se picaram" lá pro Pará, para fazer nome à custa dos cacauicultores paraenses e assim alimentar o faminto elefante branco, pois, acredito que lá o pequeno e o mini que moram em pequenas glebas na mata, tem pouco acesso a comunicação, assim, sem saber que existe a lista do cacau ou outra fonte de informação, com sindicatos talvez igual à maioria dos nossos aqui na Bahia, também desorganizados, vendo por lá esse pessoal da CEPLAC nos carros oficiais brancos e alvos, cheios de pompa, não conhecendo esse povo, até podem pensar que CEPLAC é coisa do divino ou "a bala que matou Kennedy" e que vão transformar os cacauicultores de lá no suprassumo da cacauicultura brasileira e mundial… Triste ilusão dos nossos colegas paraenses que devem ficar de olhos bem abertos, para não virarem vítimas da CEPLAC, como o cacauicultor baiano virou; pra mim, entendo que essa repentina preocupação com o Pará, tratar-se de um golpe de marketing bem ao jeito petista de engambelar, "tirar de tempo" e proteger a instituição que protege um monte de sugadores, como assim os chama o colega Gaúcho, Sr. Jouber que há 30 anos saiu do Rio Grande do Sul e por amor à cacauicultura, entrou no ramo do cacau e agora, também busca por justiça.

 

Na minha retrospectiva mental, seguindo viagem para praia, fui lembrando dos pacotes errados e ou mal intencionados impostos pelo PRLCB, que mandava o cacauicultor cortar o pé de cacau, depois decepar e recepar os troncos, praticamente eliminando toda cultura as vezes até centenária, plantada com tanto suor, plantas  que mesmo com VB, ainda produziam os frutos da sobrevivência do cacauicultor e, não bastasse, ainda alguns agrônomos e ou técnicos, alguns que conheço das antigas, alguns invejosos do tipo mente doentia, que tem "olho grande nas coisas dos outros "que quando nas "visitas", se portavam cheios de empáfia, as vezes com um sorrisinho sarcástico,  dizendo que se não cortasse o cacau, não dariam relatório favorável para a liberação da parcela do PRLCB, programa esse, que conforme sabemos hoje, deveria ter sido efetuado pelo governo, pois, a doença é exótica, de responsabilidade de combate do governo, não do produtor, que orientado pela CEPLAC, ainda veio a tomar empréstimo, para combater uma doença causada por terrorismo biológico, crime esse segundo réu confesso, articulado ali mesmo, dentro da CEPLAC, por um grupo de funcionários públicos, bem conhecido de todos, menos das autoridades que mais deveriam conhece-los.

 

Fazer analogia entre a CEPLAC, e a "A CASA da VOVÓ," (conhecida casa de tortura do DOI-Codi na época da ditadura militar, para torturar os ditos subversivos da época, incluindo a nossa atual presidenta), não é fora da realidade, tem sim suas claras semelhanças; somos hoje muitas daquelas vítimas inocentes do passado, quando muitas vezes nem sabiam porque estavam num "pau de arara", tivemos muitos suicídios de cacauicultores, vimos senhoras de 80 anos, como D. Silvia Almeida que ganhou prêmio da CEPLAC por diversas vezes como cacauicultora do ano, que teve até pretendente ceplaqueano para casar com sua filha, mas, com o crime da VB, perdeu grande parte da sua produção de cacau e sua propriedade foi invadida por 16 vezes pelo MST, com ela perdendo tudo, inclusive suas relíquias pessoais, não vindo morrer totalmente a míngua,  porque foi amparada por familiares; isso, citando apenas uma vítima entre as centenas de milhares vítimas do crime da VB , como Sr. Deodato, o qual esta registrado no documentário O NÓ,ATO HUMANO DELIBERADO, um pequeno produtor, que com sua produção de 2000@, sustentava seus 23 filhos, sendo 12 deles enteados, homem simples, honesto, que não aguentando ver tamanha dificuldade para suprir o básico para o sustento da sua família, buscou o suicídio para acabar de vez seu sofrimento insustentável.   Por isso e demais motivos, tortura mental e muito sofrimento dessa região, especialmente do cacauicultor, a minha escolha ao titulo desse artigo veio a calhar. Uma comissão da verdade, e ou dos direitos humanos, para o estudo profundo sobre terrorismo no cacau e suas consequências, seria algo com resultado medonho e estarrecedor.

 

A ditadura militar foi de 1964 a 1985, durou 21 anos e acredito que ninguém foi torturado durante tanto tempo, teve inicio com o afastamento de João Goulart; a crise do cacau já dura 26 anos, apesar de percalços do clima em anos anteriores, essa crise teve inicio com catastrófico em 1989, com a introdução e disseminação de forma criminosa e, até hoje, o governo ainda nem sinalizou uma solução para esse entrave catastrófico que vitimou e continua vitimando muitas pessoas. O cacauicultor principalmente, paga caro até hoje por esse crime que não cometeu, continua sendo torturado, com nome "sujo", sem direito a  nenhum tipo de empréstimo bancário para investir na sua propriedade castigada pelo crime da VB, sem direito a comprar nem um carrinho de mão a prestação, sem direito a um plano de saúde para a família. Até quando meu Deus! até quando seremos clientes da "Casa da Vovó"?

 

Aquilo ali tem que acabar ou ao menos mudar radicalmente, garimpar os bons funcionários, "separando o joio do trigo", ser gerido por produtores que poderão ser assessorados pela EMBRAPA, junto a profissionais da própria CEPLAC, ali reconhecidos por cacauicultores que sabem claramente quem é quem naquela instituição, mudar o nome daquele local e de outros onde a instituição tenha imóveis, pois, a sigla CEPLAC, atualmente mais parece representar algo como "Centro Especializado Para Liquidar Agricultor Cacauicultor" aquelas terras ocupadas com imóveis da  CEPLAC, conseguidas com o suor do cacauicultor, não podem continuar a servir o carrasco do cacau, isso chega a ser ridículo, humilhante demais para uma classe que trouxe tantas divisas para esse país. Ali deve ser entregue à sociedade para ser transformada em área aproveitável em prol da sociedade, com a construção de faculdades, áreas de lazer, pista de ciclismo, de Cooper, trilhas, cinemas, shoppings, hotéis ecológicos buscando sempre a sustentabilidade, manter a fábrica de chocolate, a área de pesquisas para ser realmente usada a contento, etc, etc, sem esquecer existir ali um museu, contando o sofrimento do cacauicultor e do povo grapiúna, com fotos dos suicídios, incluindo documentos e relatos de situações e fatos diversos acontecidos, fotos e documentos da violência urbana na região grapiúna, causada pelo êxodo rural de  aproximadamente um milhão de pessoas, para que sirva de reflexão, para que nunca mais se repita essa "catástrofe implantada"contra os cacauicultores, contra toda sociedade do sul da Bahia, contra o Brasil e contra a toda a humanidade.

 

O texto expressa exclusivamente a opinião do colunista e é de responsabilidade do autor.

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