Grãos da América do Sul e regiões produtoras de açúcar e cacau são os principais atingidos
Um estudo divulgado nesta segunda-feira (4), pela consultoria INTL FCStone afirma que o fenômeno climático El Niño ainda permanecerá agindo sobre as commodities agrícolas em 2016. Entre os maiores afetados, estão os grãos da América do Sul e regiões produtoras de açúcar e cacau.
No caso dos grãos, o clima tem sido bastante irregular em regiões produtoras. Durante o período de plantio de grãos, a estiagem foi longa nos estados do Centro-Oeste, em especial Mato Grosso, e também no Nordeste, na região conhecida como Matopiba (que abrange os estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
“Como essas áreas juntas correspondem a mais de um terço da produção brasileira, a preocupação com possíveis perdas e atraso no plantio movimentou os preços internacionais”, avalia a coordenadora de Inteligência de Mercado da consultoria, Natália Orlovicin.
No primeiro trimestre de 2016, o desenrolar do clima na América do Sul continuará influenciando os mercados, uma vez que será o fator determinante do tamanho da safra dos países, segundo a coordenadora.
Já para o cacau, estimativas de déficit no saldo produtivo em 2015/2016, capaz de colocar os estoques do produto nos menores valores em 10 anos, tendem a manter os preços elevados em 2016. No entanto, segundo o estudo da FCStone, a retração da demanda sazonal no início do ano e o fraco crescimento econômico europeu, podem amenizar momentaneamente a situação dos estoques e pressionar os preços no curto prazo.
De acordo com a consultoria, permanecem altistas as perspectivas para a safra 2015/2016 de açúcar, com a consolidação da expectativa de déficit global na casa de 5,6 milhões de toneladas. O analista João Paulo Botelho explica que, entre os motivos para o déficit na temporada iniciada em outubro, estão a falta de investimentos em expansão da capacidade produtiva nos últimos anos e os efeitos do El Niño.
“As secas debilitaram a produção na Índia e o elevado volume de chuvas dificultou o aproveitamento da safra do Centro-Sul brasileiro”, afirma.
Com relação à taxa de câmbio, a FCStone espera um cenário mais neutro, com leve viés de alta, especialmente pela possível piora dos fundamentos da economia brasileira e pela expectativa de cenário político instável no primeiro semestre.
“O mercado externo deve prover influências mistas, com a inflação dos Estados Unidos sendo a principal determinante da taxa de juros norte-americana, e consequentemente, do dólar”, diz Botelho.
O estudo avalia que, além do impacto climático, a situação econômica mundial também deve ter seu efeito sobre as commodities. Isso porque a continuidade da desaceleração chinesa afeta diretamente a demanda e, consequentemente, os preços, que podem ser cada vez mais pressionados.