Além de reduzir o tamanho dos ovos, a indústria procurou enfrentar a crise econômica deste ano com novos canais de venda, lançamentos, eficiência logística e redução de custos.
As 11 principais marcas de chocolate lançaram 147 produtos neste ano, seguindo a tendência dos dois anos anteriores.
Em unidades e em volume, os números serão parecidos com os dois anos anteriores: 80 milhões de ovo ou 20 mil toneladas de chocolate, segundo estimativa da Abicab (associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados).
O levantamento da Abicab inclui licenciamento de personagens, embalagens especiais e brindes diversos – desde canecas até fones de ouvido.
“Algumas apostam em ovos menores para que o consumidor não deixe de comprar”, afirma Ubiracy Fonseca, vice-presidente de chocolate da associação, que responde por 29% desse mercado.
Outra forma de estimular o apetite dos consumidores é abrir novos canais de venda, na avaliação de Lyana Bittencourt, 36, sócia da consultoria de negócios Grupo Bittencourt.
“A indústria tem realizado operações de entrega em domicílio e investido em vendas corporativas para as empresas presentearem seus funcionários”, diz.
Há os fabricantes que se fiam em particularidades nutritivas dos ingredientes, como os ovos sem lactose, os sem glúten e os que levam colágeno.
O nicho “dietético”, crescente no mercado de alimentos em geral, passa a ser tendência também entre os produtos para a Páscoa, segundo Lyana.
“O mercado de chocolates funcionais ainda é pequeno, mas as grandes marcas têm se estruturado para ele”, afirma.
Se os preços ainda assistam muito consumidores, que pisam em ovos na hora de escolher o que levar para casa, os participantes do setor dizem que a situação poderia ser pior para o bolso.
“Os fabricantes procuram fazer mais com menos”, diz Fonseca, da Abicab. “Ou seja, aumentar a produtividade, produzir em menos tempo, reduzir o tamanho das embalagens e também dos ovos. Tudo isso foi feito para diminuir os custos e até mesmo as margens e possibilitar as vendas.”
A necessidade de aprimorar os processos passou pelos aumentos nos preços das matérias-primas, segundo Fonseca.
“A variação cambial afeta os principais insumos, principalmente o cacau, que é vendido em dólar nas bolsas de Nova York e Londres”, diz.
“Além disso, houve aumentos do leite e do açúcar, que subiu 30%. Os gastos com contratações temporárias, distribuição e impostos também impactaram os preços dos ovos.”
Contenção no repasse
No entanto, na avaliação da sócia do Grupo Bittencourt, os fabricantes seguraram os repasses para o consumidor.
Alexandre Costa, presidente e fundador da Cacau Show, calcula em 6% o aumento médio dos preços de seus itens para a Páscoa em relação a 2015 – percentual inferior ao da inflação do ano passado (10,67%). “Como temos crescido muito em eficiência, produtividade e vendas, seguramos as altas de matéria-prima”, justifica.
A marca trabalha com a expectativa de crescimento de 10% nas vendas em relação ao ano passado. Entre ovos e caixinhas de bombons, foram produzidos 7,9 milhões de quilos de chocolate; houve 20 lançamentos e 30 repaginações de produto. Para os mais econômicos a sugestão é o ovo Miau, criado para o público infantil, que sai por R$19,90 (180 g).
Nestlé e Garoto acenam com aumento médio de 10% nos preços. O Grupo CRM, detentor das marcas Kopenhagen e Chocolates Brasil Cacau, projeta um faturamento de R$1,35 bilhões nesta Páscoa, com a produção de 3 milhões de ovos – 690 toneladas de chocolate. A empresa contratou 650 trabalhadores temporários.
Na Brasil Cacau, as vendas do período, levando em conta os meses de março e abril, respondem por 31% do total do ano. Do faturamento anual da Kopenhagen, 29% são registrados nessa época.
Não repassar integralmente os aumentos dos custos dos insumos também foi a política que a Hershey adotou, de acordo com Marcel Sacco, diretor-geral da fabricante no Brasil.
A Lacta, por sua vez, informa que priorizou neste ano os ovos de 100 f a 270 g que custam até R$30. São exemplos os ovinhos recheados Ao Leite e Sonho de Valsa, de 95g, com preço sugerido de R$8,99. A marca produziu 25 milhões de ovos e contratou 8.500 temporários para pontos de venda.
Com tantas opções nas prateleiras e orçamentos familiares nem tão carregados assim, a recomendação da Abicab ao consumidor é pesquisar os preços com antecedência em vários estabelecimentos e pontos de venda. Fonte: Folha