Atualizada 12/5/16 as 9h15
Importação de café pode trazer junto Monilíase do cacaueiro
O Ministério da Agricultura voltou a autorizar as importações de grãos verdes de café provenientes do Peru, segundo publicação no Diário Oficial da União nesta terça-feira (10). A decisão foi classificada como “ameaça” aos produtores de café do Brasil, segundo nota da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
Os produtores de café questionam a medida, pois o Brasil é o maior produtor de café do mundo, o que torna desnecessário a importação do grão, como acredita o deputado federal Silas Brasileiro (PMDB-MG), presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), entidade que representa produtores e cooperativas, a liberação feita nesta terça-feira “não tem o menor sentido…, é uma provocação ao nosso setor”. “Infelizmente a medida foi tomada à revelia, sem ouvir qualquer segmento da cadeia produtiva. A retirada da análise dos requisitos fitossanitários para importação de café é, no mínimo, algo amador e enormemente irresponsável, haja vista que os preuanos, além do café, cultivam cacau e utilizam os mesmos maquinários em ambas as culturas. O fungo moniliophthora roreri, que poderia vir nos grãos de café importados do Peru, podem dizimar os parques cacaueiro e cafeeiros nacionais”, disse Brasileiro em nota.
A intenção da importação, de acordo com as torrefadoras locais, que defendem a compra de café verde do Peru é uma maneira de melhorar suas vendas com o marketing de um “blend” próprio com o grão importado.
A importação de café pode comprometer a produção nacional de cacau, pois a existência de fungos, como a Monilíase do cacaueiro (Moniliophthora roreri) é presente nas lavouras do Peru. E a importação traz junto, riscos altos para o cacaueiro, pois o fungo pode ser disseminado facilmente e tem ação específica e direta nos frutos de cacau, portanto a percepção de perda na produção tem caráter imediato. Na Colômbia e Venezuela existem relatos de perdas entre 30 a 70 % da produção anual de cacau.
A Monilíase é uma doença de grande importância para os países produtores de cacau, atualmente, e encontra-se restrita ao continente Americano, estando presente em todos os países produtores de cacau da América Central, sendo a última constatação no México em 2005; e na América do Sul, no Equador e nos países fronteiriços com o Brasil: Colômbia, Peru e Venezuela.
E como, sabe-se o agronegócio do cacau é um dos mais importantes para o Brasil, que chega a produzir anualmente uma média de 200 mil toneladas, envolvendo cerca de 50.300 famílias, responsáveis pela geração de 500.000 empregos, diretos e indiretos e o país ser um dos maiores consumidores de chocolate do mundo. Fonte: Mercado do Cacau
Reveja entrevista feita com o doutor em genética e pesquisador da Ceplac/ Ba, Uilson Vanderlei Lopes, sobre a Monilíase do Cacau