Pará: Produção de cacau ainda não impulsiona indústria de chocolate

Mesmo com uma boa produção de cacau, com 132 mil toneladas por ano, o estado do Pará ainda não é reconhecido pela produção de chocolate. Na véspera da páscoa, a procura por ovos e diversos produtos de chocolate levou a população paraense aos supermercados e lojas, mas o chocolate amazônico ainda é desconhecido para o consumidor local.
A explicação para essa diferença entre demanda e oferta pode estar na falta de cultura de produção de chocolate na Amazônia e relacionada ainda à localização dos principais produtores de cacau em relação a capital e, por fim, ao desconhecimento dos consumidores sobre a diversidade e qualidade do produto paraense.
Pesquisadora do tema desde 2008, Alessandra Lopes é engenheira de alimentos e integrante do Grupo de Pesquisa de Biotecnologia de Cacau de Cupuaçu da Universidade Federal do Pará (UFPA). Ela estuda as reações químicas e bioquímicas que transformam o sabor, cor e aroma do cacau em chocolate e afirma que essa tecnologia que converte a fruta em doce não é comum na região.
É que para virar chocolate a semente do cacau precisa ser fermentada, seca, torrada e prensada para virar manteiga ou massa de cacau. São elas que “viram” chocolate.
“Na Amazônia era comum não fermentar o cacau no período de tempo adequado para a ocorrência das reações químicas e bioquímicas necessárias ao desenvolvimento do sabor e aroma de chocolate. Essa prática resultou em uma má qualidade do cacau da região”, a pesquisadora.
Recentemente, porém, produtores e pesquisadores investiram nesta produção e a qualidade do chocolate não apenas melhorou quanto possui potencial para se tornar específica, ou seja, criar um chocolate especificamente amazônico.
Isso porque já começaram a serem mapeados os microrganismos e substâncias que participam desse processo de fermentação do cacau na região e, por isso, “a presença desses microrganismos pode caracterizar um cacau genuinamente paraense”, afirma Alessandra Lopes.

Bombons regionais
Por enquanto, são os bombons com recheios regionais que caem no gosto dos consumidores. No Pará, “os maiores processadores de bombons de chocolate são as pequenas indústrias e todos possuem histórias interessantes de como começaram a produzir em casa. Eles são vitoriosos por seus produtos estarem sendo comercializados em vários locais do Brasil”, considera a pesquisadora.
Para o economista Hélio Mairata, a fabricação artesanal de ovos e bombons de chocolate movimenta a economia do estado mais do que o comércio formal. “Uma dona de casa com uma demanda de dois mil ovos não consegue trabalhar sozinha, então ela contrata mais duas ou três pessoas para ajudarem, isso é normal e movimenta a economia do estado”, ressalta.
Ele lembra ainda que o consumidor que deseja economia na hora de adquirir os chocolates ou demais produtos com essa iguaria tem nesse mercado informal uma fonte de produtos com preço abaixo de mercado.
“Os produtos artesanais são mais em conta porque não pagam frete, seguro sobre o frete, ICMS, despesas de supermercado e a margem de lucro é mais baixa. Não é difícil localizar pessoas que confeccionam e existem igrejas católicas e feiras que também reúnem vendedores”, orienta.
Fonte: G1

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