O ex-Ministro da Agricultura, Alysson Paulinelli, fez palestra no auditório do CEPEC, na sede regional da CEPLAC, na qual falou sobre aspectos da agricultura brasileira, fez análises sobre a função do trabalho de pesquisa, tecnologia e inovação e contribuição para a produção nacional e revelou preocupação e empenho para a preservação da autonomia e defesa de verbas para as instituições de pesquisa.
Paulinelli se disse emocionado em revisitar “uma CEPLAC, onde fiz grandes amigos e que contribuiu muito para o país e para alguns êxitos de sua passagem pelo Ministério da Agricultura, inclusive servindo de inspiração e parâmetro para a criação da Embrapa, após uma visita do então presidente da República, Ernesto Geisel, que, após conhecer a instituição, afirmou: “feliz do Brasil se tivesse 20 ou 30 Ceplac”. “Aí nasceria a Embrapa…” O ex-ministrou lembrou de uma Ceplac reconhecida como o maior centro de pesquisa em agricultura tropical do mundo e geradora e detentora de um padrão de conhecimento específico na área tropical que nenhum outro país possuía e gerida num vitorioso modelo único com a integração do trabalho de pesquisa, ensino e extensão. Paulinelli vê hoje um papel relevante que a Ceplac pode desempenhar para o futuro do cacau e do chocolate brasileiros, geradora de benefícios às populações das regiões que produzem cacau em vários estados brasileiros.
Alysson Paulinelli fez profissão de fé numa agricultura com a participação decisiva dos produtores e da pesquisa científica “que foi capaz de tirar o Brasil de importador da maior parte dos alimentos que consumir e colocá-lo como um dos maiores países exportadores de alimentos do mundo.” “Recursos financeiros aplicados na ciência e tecnologia não é gasto é sim um dos melhores investimentos que um país pode fazer – afirmou. E me preocupa – confessou o ex-Ministro – a redução do investimento em ciência e tecnologia na agricultura brasileira, sob pena de voltarmos a ser país importador de alimentos”. Se referindo a economia cacaueira disse: “A integração entre várias instituições existentes no Sul da Bahia podem contribuir na retomada do desenvolvimento, as cabeças pensantes existentes no governo, nas universidades e nos institutos federais, nas associações de classe e na inciativa privada podem juntas produzirem o conhecimento necessário.”
O ex-Ministro foi recepcionado pelo Superintendente Adjunto da SUBES/CEPLAC Antonio Zugaib que ressaltou suas grandes contribuições enquanto Ministro da Agricultura para Ciência e Tecnologia, não só criando 14 Centros de Pesquisas aonde estão instalados a Embrapa, como também agradecendo a sua contribuição para a boa gestão da Ceplac no mesmo período. Referindo-se a economia cacaueira Antonio Zugaib falou dos “dois grandes desafios: 1) A CEPLAC detém hoje tecnologia comprovada para produção de clones de alta resistência, com produtividades superiores a 100 @/ha o que permite a viabilidade econômica da cultura. Por outro lado, a instituição passa por um período de aposentadoria em massa e contingenciamento de recursos. “Temos, Ministro, 32 anos que não se contrata nem um funcionário, seja operário de campo, administrativo ou técnico de nível superior. Pesquisadores e extensionistas se aposentando e levando consigo todo o conhecimento adquirido. E perguntou: quem levará essa tecnologia gerada para os agricultores; 2) Os produtores de cacau, baluartes dessa região cacaueira, sempre esperançosos e dispostos a implementar a tecnologia gerada pela Ceplac estão descapitalizados e na sua grande maioria endividados, com hipoteca de 1º e 2º grau, necessitando de recursos de crédito rural para implementar essa tecnologia. Só a ciência e tecnologia poderá agregar valor à produção de cacau e chocolate – lembrou o Superintendente Adjunto.”
O evento foi promovido pela Confederação Nacional da Agricultura-CNA/FAEB e Sebrae e contou também com a participação do Presidente da FAEB, Humberto Miranda Oliveira, do chefe do CEPEC, Raul Valle, representante do Sebrae e a técnica Natália Fernandes, da Confederação Nacional de Agricultura. Fonte: Ceplac