O executivo da Cargill reforça o compromisso da associação com a cadeia brasileira do cacau e defende um processo de desenvolvimento da produção nacional de amêndoas
O diretor-geral de Cacau & Chocolate e Amidos e Adoçantes da Cargill na América do Sul, Laerte Moraes, assume em 1 de maio de 2021, a Presidência do Conselho Diretor da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC). Entre as suas principais prioridades está a bandeira da associação desde a sua criação, em 2004, que é fomentar a produção de cacau nacional para atender à demanda do parque industrial brasileiro. “Visamos não apenas o aumento da produtividade, mas também a melhoria da qualidade do cacau nacional”, afirma o executivo, que ficará no cargo até 30 de abril de 2023.
Moraes avalia que é preciso o fomento contínuo da produção de forma sustentável, além da implantação de melhorias no campo, como maior acesso à assistência técnica e desenvolvimento de mecanismos que permitam a rastreabilidade do cacau. “Cada vez mais, os consumidores estão atentos à origem de seus produtos e de que forma eles são produzidos. Precisamos estar prontos para responder a essas questões”, explica.
Segundo Moraes, a AIPC vem participando ativamente do diálogo junto aos setores público e privado com o intuito de buscar o alinhamento de uma agenda comum, na qual todos os elos da cadeia estejam comprometidos em trabalhar de forma conjunta. “Nesse sentido, a nossa participação ativa na Câmara Setorial, junto aos outros atores da cadeia e o trabalho para viabilizar a iniciativa CocoaAction Brasil são ganhos consideráveis nesta trajetória”, diz.
O debate nesses fóruns é importante para avanços no setor, como as recentes instruções normativas dos Estados do Pará e de Rondônia, que reconhecem o cultivo de cacau como instrumento eficaz para a recuperação de áreas degradadas. Moraes destaca também o projeto em parceria com o Instituto Arapyaú para o manejo da cabruca na Bahia. “O Brasil precisa deixar de depender de produtos importados, já que temos todos os fatores favoráveis para voltarmos a ser grandes produtores.”
No entanto, ele explica que enquanto o setor não alcança a autossuficiência, a indústria nacional ainda precisa recorrer às importações para adquirir as amêndoas. Para isso, as empresas recorrem ao drawback, que exige que o volume importado com a isenção de tributos seja processado e exportado. Nas últimas safras, enquanto a produção brasileira de amêndoas oscilou entre 170 e 200 mil toneladas, a capacidade instalada de moagem da indústria ficou em 275 mil toneladas. “Se operássemos com o volume de amêndoas nacional, o nível de ociosidade seria alto, inviabilizando a manutenção do parque industrial”, explica.
O executivo lembra que em períodos em que a safra brasileira foi muito menor do que a média, a indústria chegou a importar amêndoas para atender à demanda doméstica sem utilizar o drawback. “Para nós, é de fundamental importância que a produção brasileira se fortaleça. Seria muito mais vantajoso ter toda a oferta de amêndoas no mercado interno. É para isso que temos trabalhado nos últimos anos e é esse um dos principais objetivos da AIPC”, afirma.
Fonte: AIPC