Aproveitar a polpa do fruto para adoçar o produto é a nova receita da Barry Callebaut contra o desperdício
A ponta mais conhecida da indústria de chocolates é formada por produtos difíceis de resistir. A outra embrulha o estômago. Em geral é composta por famílias produtoras de cacau que mal podem comprar um bombom. Elas costumam levar um ano para produzir uma tonelada de amêndoas de cacau, que correspondem a 30% do fruto — o resto é descartado. Em troca, ganham perto de US$ 1,4 mil. Nas bolsas, a tonelada da commodity chega a valer o dobro.
Lançado em junho, o WholeFruit, da marca francesa Cacao Barry, representa um passo da indústria que pode se provar decisivo. É o primeiro chocolate que inclui a polpa do cacau na receita, usada como adoçante. Isso obriga a marca, que pertence ao grupo Barry Callebaut (com faturamento equivalente a 6,4 bilhões de euros em 2020), a comprar o fruto inteiro — e pagar 30% a mais aos produtores. “É um chocolate associado à vida sustentável e à redução de resíduos”, declarou Ramon Morató, diretor de criação da Cacao Barry.
A novidade evoca duas concorrentes que viraram sinônimo de impacto social. Uma é a Dengo, criada por Guilherme Leal, da Natura, que paga a produtores da Bahia um adicional de 70% a 160% sobre a cotação do cacau nas bolsas. A outra, a belga Tony’s Chocolonely, adota a mesma receita. Fonte: Epoca Negocios.