Na terceira matéria que encerra a rota do chocolate, vamos revelar de onde vem o alimento consumido no Brasil e o foco na sustentabilidade na produção do fruto
Com a Páscoa chegando, o chocolate vem logo à cabeça. Quando se pensa em fabricação e consumo da iguaria, quais cidades brasileiras são lembradas?
Gramado, na Serra Gaúcha; Campos do Jordão, em São Paulo, ou a charmosa Monte Verde, aqui em Minas Gerais? O que pouca gente sabe é que mais de 70% da principal matéria-prima para a fabricação dos ovos de Páscoa, bombons, barras de chocolates e tantos outros doces vem do Sul da Bahia, principalmente das fazendas de cacau na região de Ilhéus.
Na terceira matéria que encerra o especial Rota do Cacau, fomos conhecer de perto a fabricação de chocolate em três fazendas, que, em comum, oferecem aos turistas visitas guiadas aos cacaueiros, degustação de chocolate e tantos outros produtos derivados do cacau, e o melhor – aulas de história e de preservação ambiental combinadas com papos agradáveis e um passeio por trilhas na mata atlântica.
Então, prepare seu paladar, pois nessas fazendas o turista encontra os chamados chocolates finos artesanais – produtos orgânicos, com alto teor de cacau (acima de 60%), sem adição de leite e, em alguns casos, de açúcar. São alimentos saudáveis, indicados por cardiologistas e usados na gastronomia e que, nos últimos anos, viraram febre nas academias pelo alto valor energético.
Em 2017, foi lançada a Estrada do Chocolate, a primeira estrada temática da Bahia. Ainda em desenvolvimento, a via é emoldurada pela mata atlântica, cortando rios e fazendas centenárias. Essa rodovia liga as cidades de Ilhéus e Uruçuca à BR-101.
Antes, as fazendas eram dedicadas apenas à cultura do cacau. Com a estrada temática, os fazendeiros da região encontraram um novo rumo para seus negócios, uma reinvenção e renascimento do chocolate brasileiro.
O início do circuito se faz na Fazenda Yrerê, na Rodovia Jorge Amado, entre Ilhéus e Itabuna. Em meio à mata atlântica, a fazenda, que já virou cenário da novela “Renascer”, trabalha com turismo de experiências há 14 anos, sendo visitada por milhares de turistas do Brasil e do exterior ao longo desse tempo.
O proprietário, Gerson Marques, é quem recebe os turistas, junto com um trio de doguinhos, para um tour sensorial e educativo por dentro da mata até a lavoura de cacau. Com mais de 200 anos de história — 140, só de plantio de cacau — a fazenda é uma antiga sesmaria doada aos primeiros donos pela Coroa portuguesa. Antes do fruto, a principal atividade comercial do local era a extração de madeira.
No caminho por uma mata regenerada, Gerson explica sobre o plantio e a extração do cacau, assim como as histórias da fazenda e a importância para a região. “Nós temos aqui uma diversidade de cacau, com uma variedade de misturas, os híbridos. Esse é o grande negócio nosso. É chegar a produzir chocolates que falem um pouco daqui, do que nós somos, da história do próprio cacau baiano.” Sobre o turismo, ele comenta: “Esta é uma experiência nova para a realidade aqui no Sul da Bahia. Saber usar o cacau, o chocolate como atração. Nós estamos há 14 anos abertos para o turismo e vi a mudança de perfil dos vi- sitantes. Antigamente, as referências eram Jorge Amado, a novela “Renascer”, com aquelas imagens das barcaças. Hoje, o turista chega motivado atrás do cacau, da experiência desse chocolate que a gente faz”.
Ao final da trilha encontram-se os pés de cacau e uma variedade de frutos expostos aos visitantes. Já de volta à sede da fazenda, antes de iniciar o tão esperado momento de degustação do chocolate, conhecemos a barcaça, onde os grãos de cacau secam ao sol. Preste atenção na fazenda, um local que encanta pelos detalhes e chama a atenção pela beleza, onde ocorre o melhor momento do passeio: hora de provar os chocolates Yrerê.
Salve a mata atlântica
Diante de cada visitante, um disco de madeira com gotas de chocolate e jarras do mais puro suco de cacau, uma iguaria deliciosa da região. O início da experiência começa com o chocolate 60% de cacau e termina com a degustação do chocolate 100%, que na verdade são as amêndoas quanto o nibs — pedaços tostados do grão. veja mais aqui