Diversas marcas brasileiras marcarão presença na programação do 26º Salon du Chocolat, que começa nesta sexta-feira (28) em Paris, na França, e segue até terça (1º). O Brasil consolida-se como uma nação referência na produção de chocolates: em 2021, exportou cerca de 33,5 mil toneladas do produto. E alguns produtores querem ir além e mostrar ao mundo o potencial nacional não só para o chocolate convencional, como para o de chocolates finos e artesanais, historicamente associados a países europeus, como Suíça e Bélgica.
Por meio de uma parceria entre a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (ABICAB), sete empresas nacionais de chocolates apresentarão seus produtos para empresários e consumidores finais no Estande Brasil. Além disso, 12 empresas estarão presentes em rodadas de negócios com compradores internacionais, através de incentivo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Associação Bean to Bar Brasil e da Embaixada do Brasil em Paris.
O Salon du Chocolat é o maior evento de negócios da indústria de chocolate do mundo. Desde 1994, ele é realizado com a proposta de receber chocolatiers, isto é, estudiosos e especialistas, e público consumidor e apresentá-los o que há de mais moderno e de maior qualidade em marcas do mundo todo.
“O evento é a principal vitrine de produção de chocolate. Estamos na missão de possibilitar a presença da produção de chocolate artesanal brasileira, porque é um segmento crescente do nosso país e, ainda assim, já premiado internacionalmente, que engloba uma série de micro e médios empresários com produto de grande qualidade e com produção sustentável, com sistemas agroflorestais e muitas com uso de amêndoas certificadas pelo Prêmio Internacional do Cacau, que ocorre anualmente também na França”, explica a gerente de Projeto da ABICAB, Andréa Ferrari.
Do grão à barra
A origem do que hoje é conhecido como chocolate tree e bean to bar (da árvore à barra e do grão à barra, em tradução livre) remete à década de 1990. Dois irmãos dos Estados Unidos, empresários de cerveja na Scharffen Berger, buscaram um padrão para produzir chocolates de forma mais artesanal e com sabor mais próximo do cacau possível, uma vez que na época os chocolates artesanais eram feitos a partir de outro chocolate — convencional — derretido e remoldado.
Então, eles compraram sacas de cacau, adaptaram equipamentos e deram origem ao processo de produção de alta qualidade, cunhado hoje de “Bean to Bar”, isto é, do grão à barra, para casos de produtores que compram as amêndoas selecionadas. Também há produtores que cultivam cacau e, por isso, sua produção é “Tree to Bar”, em português, da árvore à barra.
No Brasil, a primeira empresa do ramo foi fundada em 2009 e o setor ganhou força entre 2015 e 2016, como explica a gastróloga especialista em degustação de chocolate e CEO da empresa Baianí, Juliana Aquino. “Em função da excelente qualidade do cacau brasileiro e também da demanda internacional cada vez maior por produtos mais saudáveis, saborosos e com produção comprometida com valores sociais e ambientais, vimos o Tree e Bean to Bar ter um boom de 2015 para cá”, diz a CEO.
Com fábrica no município baiano de Arataca, a Baianí recebeu ouro e prata nos principais concursos internacionais, como no International Chocolate Awards 2021, e marcará presença no estande da ApexBrasil com a ABICAB. Para Juliana, a iniciativa das instituições é importante, porque insere um segmento relativamente novo da indústria do chocolate brasileira, promovendo muitas empresas pequenas e médias internacionalmente e ampliando o desenvolvimento regional, principalmente do Pará e da Bahia, que são onde a produção de cacau selecionado se concentra no Brasil.
“Atualmente, são cerca de 300 marcas no nosso país e a maioria delas de pequeno porte, uma vez que 67% têm produtividade mensal abaixo de 50 quilos. Então, estar no Salon du Chocolat é uma oportunidade ímpar de expansão e busca por demanda”, acrescenta.
Brasil Sweets & Snacks
A ação do Estande Brasil em Paris faz parte da série de ações estratégicas do projeto setorial Brasil Sweets e Snacks, da ApexBrasil com a ABICAB. Desde 1998, as instituições atuam em parceria para promover a imagem do cacau brasileiro como matéria-prima de qualidade para a produção de chocolates finos e facilitar o acesso de empresas e produtores do setor aos principais mercados internacionais.
A participação em feiras e eventos internacionais é uma de suas principais ações de missão comercial. “A produção tree e bean to bar foi inserida com ações específicas de promoção dentro do projeto em 2021 e já são cerca de 50 empresas de chocolates finos sendo promovidas pelo Sweets & Snacks.
O Brasil é um dos poucos países que acolhe toda a cadeia do chocolate. Em 2021, o país exportou 354 milhões de dólares em amêndoas de cacau e derivados. Isso significa que temos grande potencial para o segmento e nosso objetivo é promovê-lo cada vez mais no mercado internacional”, enfatiza a Analista de Negócios Internacionais da ApexBrasil, Deborah Rossoni.
Para as empresas de cacau e chocolates selecionados que nunca exportaram, a ApexBrasil também auxilia em sua internacionalização, com seleção de produtores em seu Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX).
Sobre a ApexBrasil
A ApexBrasil atua para promover os produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos estrangeiros para setores estratégicos, apoiando atualmente cerca de 15 mil empresas em 80 setores da economia brasileira. Também já atendeu mais de 1.300 investidores e mais de 118 projetos no valor de US? 23 bilhões em investimentos anunciados no Brasil.
A Agência faz parte do Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil, por meio do qual conta com mais de 120 escritórios no mundo, e trabalha em estreita colaboração com outros ministérios, órgãos reguladores e entidades de classe. Fonte: https://3talheres.com.br/brasil-esta-em-vento-mundial-de-chocolate/