Com o apoio do Estado, Cacau do Pará rompe fronteiras e se torna um dos mais apreciados no mundo

O sabor único do cacau produzido no Pará se tornou conhecido nos quatro cantos do planeta. No Dia do Cacau, celebrado neste domingo,26, muito se tem o que comemorar. A participação do fruto paraense em eventos de destaque internacional é cada vez mais freqüente.

Nos últimos quatro anos, o estado já contabilizou a participação de mais de 100 produtores e chocolatiers representando cooperativas, instituições e marcas além de representantes do governo estadual em programações em outros países, como Portugal, Holanda, França, Estados Unidos e Emirados Árabes.

A frequência nos eventos é financiada pelos recursos do Fundo de Desenvolvimento da Cacauicultura do Pará (Funcacau) que é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap).

Uma das mais recentes programações de destaque em que o cacau e o chocolate paraenses puderam ser apreciados foi a 28ª edição da Gulfood 2023, em Dubai, ocorrida mês passado. A produtora Natália Evangelista, do município de Altamira, na Região de Integração do Xingu, foi a representante do estado nos Emirados Árabes. Ela faz uma avaliação positiva do interesse que o cacau amazônico despertou. Natália observa que os Emirados Árabes Unidos estão com as portas abertas e abraçando o mercado brasileiro.

“Consegui conversar e pegar contatos de 27 potenciais clientes e representantes dos nossos produtos vindos do cacau, e mais oito contatos de pessoas influentes como o diretor da Câmara de Comércio Internacional de Dubai, diretora regional Europa e América além de consultores para nos ajudar a expandir o nosso negócio podendo nos dar apoio nos passos que devemos tomar a partir de agora, adicionando aos conhecimentos que já tínhamos de feiras passadas”, destaca Natália Evangelista.

Ela ressalta que nas conversas e palestras foram expostas quais os caminhos e oportunidades para conseguir entrar neste mercado. “Reuniões já estão sendo marcadas e tenho certeza que muito em breve fecharemos acordo por conta de termos participado da feira”, ressaltou.

Potencial – Outra representante do segmento, a empresária Verônica Preuss, do município de Brasil Novo, localizado às margens da rodovia BR-010 (Transamazônica), destaca a importância do apoio para a participação do Pará em eventos nacionais e internacionais.

“O estado tem disponibilizado espaço para produtores tanto da amêndoa como do chocolate, isso mostra que acredita realmente no potencial que temos. Nestes festivais surgem potenciais compradores, e está sendo uma forma dos produtores mostrarem seus produtos e dialogarem com os mesmos”, destaca Preuss.

Desde 2009 que Verônica e a família começaram a trabalhar com o fruto. “O cacau sempre foi nosso xodó desde que começamos a plantar numa área de pastagem degradada. Sempre cuidamos de todo o processo, principalmente da fermentação das amêndoas. No início nos chamavam de doidos, pois não ganhávamos nada de diferente dos demais produtores; em 2019, porém procuramos uma forma de comercialização sem atravessadores e recebíamos um adicional por serem amêndoas de qualidade”, lembra a empresária.

Em 2021, depois da premiação como melhor amêndoa do Brasil, muitas portas se abriram para a empreendedora. “O cacau passou a ser o principal recurso do sítio Santa Catarina juntamente com o lançamento dos chocolates artesanais feitos com estas amêndoas. E como o Estado incentiva nos colocando nos festivais, será cada vez melhor”, acredita Verônica Preuss.

Projeto- O incentivo para o destaque cada vez mais amplo ao cacau fora das fronteiras do Pará só tende a se intensificar. A equipe do Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Cacauicultura (Procacau) da Sedap, elaborou o Projeto de Internacionalização de Amêndoas de Cacau, que visa o fortalecimento mercadológico do cacau de origem do Pará e derivados no contexto local, nacional e internacional.

O projeto foi apresentado para aprovação ao Conselho Gestor do Funcacau na reunião realizada na sede da Sedap no último dia 17. A iniciativa foi aprovada por unanimidade.

A engenheira agrônoma do Procacau, Dulcimar Melo, informa que o público alvo são os produtores, agricultores familiares, empresas, moageiras e indústrias de chocolate de cacau. Ela explica que o projeto será realizado em etapas. A primeira, que já está em fase final, é a que identifica o perfil sensorial das amêndoas com a elaboração de um mapa sensorial. “A próxima etapa será o incentivo à produção de amêndoas de qualidade através de beneficiamento primário, serão realizados três cursos de capacitação para 60 produtores; será dado também treinamento aos técnicos em classificação de amêndoas”, esmiuçou Dulcimar Melo.

A última etapa, segundo esclareceu, será a capacitação de produtores e empresas para comercialização de matérias-prima e produtos no mercado local, nacional e internacional. “Os impactos gerados com esse trabalho serão positivo; o que se espera é alcançar números crescentes de agricultores na produção de cacau fino e capacitados no processo de exportação, gerando oportunidade de crescimento no mercado nacional e internacional com geração de mais emprego, renda e desenvolvimento socioeconômico”, detalha a engenheira agrônoma da Sedap.

DADOS SOBRE O CACAU

Considerando as projeções do Levantamento Sistemático de Produção Agrícola (LSPA)/2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas(IBGE), o Pará ocupa a 1ª colocação no cenário nacional para a produção de cacau com representatividade de 50,32% da produção brasileira.

O Pará, de acordo com os dados da Comissão Executiva da Lavoura Cacaueira (Ceplac) é o lugar do planeta onde mais se planta cacau.

A Produção paraense representa mais de 96% de toda a produção da região Norte.

A Produção média do cacau é de 146.375 toneladas. fonte: Agência Pará

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